Rhodia dobra exportação de plásticos
Valor EconômicoA Rhodia, marca do grupo belga Solvay no mercado brasileiro para plásticos de alto desempenho e outras especialidades químicas, mais que dobrou as exportações a partir da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) desde o início do ano passado.
Diante do recrudescimento da crise econômica no país e de seu impacto relevante na indústria automobilística, importante mercado para os plásticos de engenharia da Rhodia, a meta era encerrar 2016 com vendas externas equivalentes a 40% da produção local de polímeros, frente a 20% anteriormente. No primeiro trimestre deste ano, porém, essa participação já chegou a 60%, o equivalente a algo entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões em receita anualizada.
"Quando olhamos para trás, um ano depois, vemos que aconteceu exatamente como imaginávamos. A indústria brasileira segue fraca", disse ao Valor o diretor para as Américas da área de plásticos e poliamidas da Solvay, Marcos Curti. No Brasil, a Rhodia está apta a produzir 50 mil toneladas por ano de compostos de poliamida e, atualmente, quase 30% do volume exportado segue para a China e Taiwan - há ainda clientes na Europa, América Latina, Estados Unidos, Coreia do Sul, África do Sul, Tunísia, entre outros países.
"A logística é mais lenta, mas trabalhamos para mostrar que é possível ser eficiente. Exportar exige proximidade grande com o mercado internacional e credibilidade", disse o executivo, acrescentando que uma falha comum na indústria é tratar as exportações como eventualidade e não parte do negócio. "O Brasil vai voltar, mas continuará sendo base de exportação."
A fábrica paulista deverá ampliar as exportações para o México, onde a Solvay está construindo uma fábrica de plásticos de engenharia, com capacidade inicial para 10 mil toneladas ao ano. A matéria-prima para essa unidade, que deve entrar em operação no terceiro trimestre e será administrada a partir do Brasil, será fornecida pela operação de São Bernardo. Segundo Curti, serão de US$ 12 milhões a US$ 15 milhões a mais em receitas com exportação para o México.
A escolha do país para a construção da nova fábrica levou em conta o tamanho da indústria automobilística mexicana: é a segunda maior em automóveis e veículos comerciais das Américas e a sétima do mundo, com produção anual superior a 3,5 milhões de unidades em 2015. Para efeito de comparação, no Brasil, o pico da produção de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus foi de 3,71 milhões de unidades em 2013.
Além disso, o investimento abre novas oportunidades de negócio para a Solvay, uma vez que fabricantes de bens de consumo e equipamentos elétricos estão instalados na região. Conforme Curti, a capacidade na fábrica mexicana poderá ser ampliada à medida que a demanda cresça.
Sobre o risco de o presidente americano, Donald Trump, dificultar os negócios da indústria mexicana, o executivo disse não acreditar num eventual desmonte das operações locais, já que o mercado americano depende de peças produzidas no país. "O Trump não atrapalha e há novos negócios", ressaltou o executivo.
Conforme Curti, a participação de 60% dos embarques na produção de plásticos de alto desempenho da Rhodia deve perdurar ao longo deste ano, uma vez que ainda não é possível falar em início de recuperação no mercado brasileiro. "Não prevemos mais de 3% ou 4% de crescimento na produção de automóveis no país e isso já é insuficiente para uma recuperação, que fica no mínimo para 2018", comenta.
No início do ano, com investimentos de R$ 3 milhões, a Solvay colocou em operação um novo laboratório de tecnologia na fábrica de São Bernardo, com vistas a desenvolver novas aplicações para clientes da Rhodia no Brasil e no mercado externo, mas principalmente no México.