Rezende Barbosa lidera fornecimento de cana e visa crescer em serviços
Valor Econômico
Após vender suas usinas de açúcar e álcool e todas as operações "pós porteira" para a Cosan, em 2009, a holding Rezende Barbosa não só se tornou a maior acionista individual da gigante sucroalcooleira como também passou a ser a mais relevante fornecedora de cana-de-açúcar para usinas do país. Com produção concentrada em áreas disputadas e cada vez menos disponíveis do Estado de São Paulo, o grupo já produz 10 milhões de toneladas de cana por safra, das quais 40% em terras próprias. E não pretende parar por aí. Além de planejar crescer em linha com a expansão de sua parceira Cosan, a holding acaba de criar uma empresa especializada em oferecer o que acredita ter de melhor: expertise em plantio de cana e na atividade de corte, carregamento e transporte da matéria-prima, conhecida no mercado como "CCT".
A NovAmérica Serviços, como foi batizada a nova companhia, começará a operar oficialmente na próxima safra (2011/12). Mas nesta temporada, em fase final, já prestou serviços a alguns poucos clientes, entre as quais a Equipav, hoje uma das quatro usinas da indiana Shree Renukano Brasil, e a Cocal Energia, de São Paulo. A diferença desse braço para a já existente Nova América Agrícola é que o foco da nova empresa será a prestação de serviços de plantio de cana e "CCT", enquanto o da antiga é o fornecimento da cana produzida pelo grupo às usinas - mais especificamente às unidades da Cosan, na qual a holding Rezende Barbosa ficou com uma participação de 11%.
Antes de transferir os ativos "pós porteira" para a Cosan, o grupo estava entre os maiores processadores da matéria-prima, com quatro usinas sucroalcooleiras e capacidade de moagem de 8 milhões a 9 milhões de toneladas de cana por safra. "Crescemos muito e estávamos em muitos elos da cadeia, desde plantio e 'CCT' até distribuição de açúcar, exportação e operação portuária", diz Rezende Barbosa. Além de açúcar e álcool, a holding há 20 anos atua na citricultura, negócio atualmente reunido na NovAmérica Citros, que produz 3,5 milhões de caixas de laranja por safra. A empresa também produz suco de laranja em sua unidade de Santa Cruz do Rio Pardo, em São Paulo. O grupo também produz grãos e cria gado em fazendas fora do Estado. "Na década de 70 entramos no Paraguai e em Mato Grosso do Sul; há oito anos, chegamos à Bolívia", diz Rezende Barbosa. Juntas, todas as fazendas do grupo somam 200 mil hectares, dentro e fora do Brasil.
Rezende não vislumbra explorar novas áreas de cana, cultura que ele avalia ser de cultivo e "CCT" complexos. "A cana não 'viaja' como a soja. A logística é diferente e ainda é preciso que sejam desenvolvidas mais variedades adaptadas para o clima equatorial", diz Rezende sobre regiões mais ao Norte do país. Ele acredita que dentre todas as transformações que permeiam o segmento sucroalcooleiro nos últimos anos, o dilema mais preponderante será o futuro da gestão de suprimento de cana. "A chave da competitividade está no campo, ou seja, na produção da cana. Além disso, ainda tem a questão logística que está muito atrelada ao território onde ela será processada", diz Rezende Barbosa.