01/04/13 15h00

Revap investe na expansão da oferta de querosene

Valor Econômico

A Refinaria Henrique Lage (Revap), unidade de refino de petróleo da Petrobras no Vale do Paraíba, Estado de São Paulo, tem plano de investir R$ 100 milhões este ano no aumento da produção de querosene de aviação. A refinaria abastece hoje 80% da demanda de QAV no mercado paulista e 100% do Aeroporto Internacional de Guarulhos. A Revap é responsável por 20% da produção brasileira de derivados de petróleo, com o processamento diário de 252 mil barris.

"Vamos aumentar em 600 metros cúbicos por dia a produção de QAV, que hoje é de seis mil metros cúbicos ao dia para atender, principalmente, ao crescimento da demanda do aeroporto de Guarulhos e de Congonhas", disse a nova gerente-geral da Revap, Elza Kallas, primeira mulher a assumir a operação de uma refinaria do sistema Petrobras.

Com 33 anos de operação completados este mês, a Revap concluiu em 2012 um investimento de R$ 9 bilhões nas obras de modernização da refinaria. No pico das atividades, as obras, que duraram seis anos, envolveram a participação de mais de 15 mil trabalhadores. O efetivo próprio da refinaria, segundo Elza, aumentou em 40%, para cerca de 900 trabalhadores.

Em abril do ano passado, a Revap iniciou a operação da última nova unidade construída nesse processo, a de Hidrodessulfurização de Nafta Craqueada, também conhecida pela sigla U-264, responsável pela produção de uma gasolina mais limpa.

A gerente explica que, com essa nova unidade, a Revap consegue retirar o enxofre da nafta craqueada, principal produto utilizado na composição da gasolina brasileira, permitindo a produção de uma gasolina com níveis mais baixos de enxofre, da ordem de 50 partes por milhão (ppm).

A unidade, segundo a executiva, tem capacidade para hidrodessulfurizar 7 mil metros cúbicos de nafta craqueada por dia, o que representa 7 milhões de litros por dia do principal componente da gasolina. De acordo com a refinaria, a U-264 é a unidade de maior capacidade de processamento de nafta craqueada entre as atuais 11 unidades em operação ou em fase de construção pela Petrobras.

A construção da U-264, segundo a Revap, exigiu um investimento total de R$ 3,4 bilhões, o que representou 35% do total investido pela Petrobras nas obras de modernização da refinaria.

"A modernização da Revap viabilizou a produção de novos derivados, com maior valor agregado e menor impacto ao meio ambiente", ressaltou a gerente-geral da unidade. Sobre a possibilidade de a Revap aumentar a produção de gasolina para atender ao crescimento da demanda no país, que exigiu a importação do derivado, Elza disse que o assunto está sendo estudado pela Petrobras, mas ainda sem uma definição.

Na nova unidade de Hidrotratamento de Diesel, a Revap começou a produzir neste ano o diesel S10, com 10 partes por milhão de enxofre na sua composição. O diesel produzido anteriormente era o S50, com 50 partes de enxofre por milhão. A refinaria também produz o S-500.

A gasolina S50 (50 ppm) substituiu a gasolina tradicional, com 800 a 1000 ppm, atendendo às novas exigências do mercado nacional e internacional para redução gradual de emissões atmosféricas de veículos automotores. A Revap tem uma produção diária total de 9,5 milhões de metros cúbicos de gasolina, volume que atende hoje a 20% da demanda brasileira.

Outro projeto relevante da Revap, e atualmente em andamento, contempla a preparação para recebimento, armazenamento e refino de C5+ (subproduto líquido do processamento de gás natural que gera os derivados diesel e nafta petroquímica) e de GLP (gás de cozinha). Os dois produtos são procedentes da Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba (UTGCA).

"O C5+ será processado na Revap para então ser misturado ao petróleo e gerar o diesel e a nafta. Já o GLP virá pronto para a refinaria, somente para fins de armazenagem e expedição", informou a gerente. O GLP e o C5+ serão escoados por meio de dois dutos terrestres, em uma faixa de aproximadamente 70 quilômetros já existente, entre os municípios de Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo, passando por Paraibuna e Jambeiro, até atingir São José dos Campos.

O projeto ainda se encontra em fase de licenciamento ambiental, mas a previsão da Petrobras é a de que as obras sejam iniciadas ainda no primeiro semestre deste ano. Com previsão de entrar em operação em janeiro de 2015, os novos dutos vão permitir a movimentação de 3.600 metros cúbicos por dia de GLP e de 1.400 metros cúbicos por dia de C5+.