07/04/09 12h00

Retomada das montadoras anima indústria

Folha de S. Paulo - 07/04/2009

O princípio de retomada na produção da indústria automotiva, propiciada pelo corte do IPI sobre os veículos, já começa a ocupar parte da ociosidade de segmentos que enfrentaram quedas com a crise. Embora analistas considerem ser ainda cedo para dizer que o setor automotivo poderá garantir o crescimento da produção industrial, segmentos como o siderúrgico, o de plásticos, o de tintas e o de tecidos já sentem aumento na atividade.A reação rápida das vendas de carros já provoca até um certo estresse na cadeia automotiva. "As encomendas aumentaram abruptamente. De uma hora para outra, a cadeia precisou ser reativada às pressas", disse Sergio Pin, vice-presidente da Schaeffler, fabricante de autopeças. A indústria siderúrgica, que trabalha com queda de até 10% na produção de aço bruto neste ano, também viu os pedidos voltarem, segundo Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia). Por enquanto, as siderúrgicas encaram com cautela a retomada das montadoras, embora a considerem positiva para o mercado.Impacto instantâneo foi sentido pelos fornecedores de tintas automotivas. "A recuperação foi imediata. Como as montadoras não trabalham com estoques, a volta da produção em ritmo mais acelerado já ativou nossa indústria", disse Dilson Ferreira, presidente-executivo da Abrafati (associação dos fabricantes de tintas). As montadoras absorvem 7% das vendas totais do produto. Merheg Cachum, presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), também afirmou que os sinais vindos das montadoras levaram a um incremento da atividade. Ele admite que o ânimo na indústria retornou após meses de baixa demanda, como janeiro e fevereiro.

Apesar da recuperação da indústria automotiva e de seus ecos na cadeia produtiva, analistas ainda mostram ceticismo em relação à produção industrial em março. Para Sérgio Vale, da MB Associados, a indústria ainda demonstra fragilidade, com o agravante da queda mais intensa nos investimentos em fevereiro. "É certo que a indústria automobilística é uma parte importante, mas não podemos esquecer que agora começou a aparecer a outra ponta, a de investimentos, puxando a produção industrial para baixo."