24/10/07 10h42

Resíduos de peixe já são um bom negócio

O Estado de S. Paulo - 24/10/2007

O aproveitamento de resíduos de peixes é recente no País, mas os apelos ambiental e econômico do negócio vêm estimulando piscicultores que também industrializam o peixe. É uma alternativa para não descartar os resíduos da industrialização no ambiente. Resíduos são a pele do peixe, as aparas que sobram do filé e a carcaça - ossos, vísceras, nadadeiras e cabeça. 'Tudo matéria-prima de qualidade, cujo aproveitamento é ecologicamente recomendável', diz a pesquisadora Rose Meire Vidotti, do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Pescado Continental, do Instituto da Pesca da Secretaria de Agricultura de SP. Conforme o consultor Rubens Pimentel, diretor da distribuidora Couro Exótico, considerando que os resíduos representam 70% do peso do animal, o aproveitamento da pele aumenta em até 30% o rendimento econômico do peixe. Nos curtumes, as peles são soldadas e viram mantas. Em tamanhos maiores, de 100 x 60 centímetros, são enviadas para indústrias de artigos de decoração, de roupas, calçados e acessórios e de móveis. Pimentel destaca que os peixes são provenientes de manejo sustentado e que o couro de peixe, considerado exótico, substitui as peles de cobra e jacaré. Na Tilápia do Brasil, em Buritama (SP), conforme conta o gerente industrial, Luiz Henrique Barrochelo, há três fazendas de engorda que produzem 180 toneladas de tilápia/mês. Ali se aproveita tudo: ossos, vísceras, nadadeiras, cabeça, pele e aparas (restos do acabamento da filetagem). A pele curtida é vendida como couro exótico. A empresa de Buritama também deu um destino rentável às aparas, que são moídas, temperadas e congeladas em blocos, e podem ser usadas no preparo de molhos e outros pratos. Hoje, o produto representa 3% da produção da empresa.