29/12/10 11h04

Renda maior e vaidade sustentam alta no segmento

Valor Econômico

Mais marcas, mais lançamentos e novos consumidores na praça. O setor de higiene, beleza e cosméticos vendeu volumes maiores neste ano, com destaque àqueles itens com valor agregado maior - e isso deve levar o setor a atingir um crescimento real de até 12% na receita líquida (livre de impostos) em 2010. Análise inicial da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) apontava para uma expansão entre 10% a 12% (taxa deflacionada) na receita do segmento. Agora, empresas e entidades do setor acreditam que o crescimento deve ficar próximo ao teto esperado para o ano.

Numa análise de resultados de grandes companhias do setor, os dados podem ser até mais animadores. De janeiro a setembro, a Natura cresceu 22,5% em receita e fez 75 lançamentos. A Hypermarcas teve um crescimento orgânico (sem incluir aquisições) de 29% de janeiro a setembro nas áreas de higiene pessoal e beleza. O Boticário lançou 402 produtos em 2010 e espera ampliar a receita em 25% no ano. Para a Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC), o índice de crescimento deve ser pouco superior a 10%. A Abihpec espera que o próximo ano mantenha, pelo menos, a taxa anual de 10,5%, a mesma verificada na média dos últimos 14 anos. Em 2009, o segmento atingiu vendas líquidas de R$ 24,9 bilhões (US$ 14,7 bilhões) após crescer 9,8% (taxa deflacionada). Ao se considerar a inflação, a expansão foi de quase 15%.

A migração de consumidores das classes C e D para B e C, respectivamente - fruto dos ganhos de renda da população - tem reflexo direto nesse movimento. É que a venda dessas mercadorias está relacionada com os ganhos no rendimento familiar. Estima-se que 45% das compras de produtos de beleza no país aconteçam na venda porta a porta, ou seja, com pagamentos à vista, segundo a Associação Brasileira de Cosmetologia. Além disso, há uma questão ligada à necessidade maior de bem-estar e a vaidade do brasileiro, dizem os especialistas.

Na análise da Associação Brasileira de Vendas Diretas (ABVD), que tem Avon e Natura como associadas, os investimentos realizados em armazéns e centros de distribuição no segmento "a partir do zero", ao longo de 2010, mostra que há uma expectativa de manutenção desse patamar de crescimento a longo prazo, afirma Paulo Quaglia, presidente da entidade. Avon e Natura ampliaram as suas estruturas de armazenamento neste ano. A análise dos consultores em relação ao desempenho das empresas em 2010 confirma esse quadro. Para Juliana Campos, da Ativa Corretora, as empresas têm se favorecido de uma alta aceitação dos consumidores pelos lançamentos. "O excelente desempenho do mercado de atuação, a manutenção de elevadas taxas de expansão do canal de vendas e a excelente aceitação dos novos lançamentos" explicam o desempenho do setor, informa em relatório.

Alguns produtos tiveram destaque este ano e outros devem sustentar o bom desempenho em 2011. Perfumes e maquiagens receberam altos investimentos da Avon e Natura em 2010. Já a Unilever focou em áreas como desodorantes, sabonetes antibacterianos e produtos para cabelos com caspa, assim como a Procter & Gamble, que entrou nesse segmento ao trazer para o Brasil, há três meses, a marca Head & Shoulders. A P&G ainda decidiu neste ano lançar no país a sua marca de cremes para o rosto, Olay, e de absorventes Naturella. A brasileira Hypermarcas investiu de forma mais concentrada em produtos de beleza para homens (com as linhas Bozzano e Gillette) e ampliou a atuação e lançamentos de marcas como Monange e Risqué.