03/05/12 15h30

Regras de emissão mais restritas ajudam a Cummins

Artigo - The Wall Street Journal

A Cummins Inc. é uma raridade entre as grandes indústrias americanas: a fabricante de motores para caminhões, ônibus e máquinas pesadas está prosperando em boa parte por causa de novas e mais rígidas regulamentações governamentais pelo mundo.

A demanda por motores mais eficientes está ajudando a Cummins, inclusive no Brasil.

A empresa, que tem receita anual de US$ 18 bilhões, se tornou nos últimos anos a sócia preferida de fabricantes de veículos na Ásia e América Latina que querem evitar anos de um caro trabalho de engenharia para ajustar seus motores aos novos padrões.

"É visível que uma onda forte de regulamentação ambiental tomou os governos em quase todos os países", disse Tom Linebarger, um veterano com 18 anos de casa que se tornou diretor-presidente ano passado. "Temos tecnologias que podem ajudar esses países a cumprir a regulamentação de emissões de gases com um impacto relativamente baixo em suas economias."

A disposição da Cummins de personalizar seus motores e outros componentes para regiões específicas — uma estratégia que a empresa de Columbus, no Estado de Indiana, chama de "encaixe no mercado" — permitiu que ela entrasse de forma mais rápida e ampla em mercados internacionais que outros fabricantes sediados nos Estados Unidos.

Cerca de 35% das vendas da Cummins ano passado vieram de mercados emergentes em rápido crescimento, como China, Índia e Brasil, ante 27% em 2007. A abordagem de inclusão da Cummins para os mercados emergentes expõe a empresa a inevitáveis questionamentos, já que as antes superaquecidas economias da China e do Brasil têm dado sinais de enfraquecimento. A receita da empresa na China no primeiro trimestre caiu 16%, enquanto a do Brasil caiu 18%. Mas Linebarger continua afirmando que as recompensas de investir nos mercados emergentes superam de longe os riscos criados por desaquecimentos temporários.

"Não achamos que uma economia sempre será vibrante", disse Linebarger. "Mas os mercados emergentes vão crescer a algo entre duas e três vezes o que os EUA e a Europa crescerão nos próximos dez anos."

Quando a Caterpillar Inc. decidiu que o custo de atender a regulamentação para motores de caminhões estava ficando caro demais e deixou o mercado americano em 2010, as fabricantes de caminhões Paccar Inc. e Navistar International Corp. preencheram o espaço criado com seus próprio motores pesados. A fabricante de máquinas de construção civil respondia por cerca de 30% dos motores pesados em 2006.

Mas a Cummins prevaleceu ao conseguir atrair vários antigos clientes da Caterpillar. Sua participação no mercado norte-americano de motores pesados saltou para 45%, contra cerca de 33% um ano atrás e 27% em 2000.

"Ela tem a melhor reputação de qualidade no mercado", disse Tim Denoyer, analista sênior da firma de pesquisa Wolfe Trahan & Co. "Sempre há um período em que novos motores são adotados pelo mercado. Eles são desconhecidos, o que é uma grande desvantagem em relação aos motores da Cummins.

A Cummins transformou a popularidade de seus motores em vendas e lucros inéditos. A receita desse segmento subiu 78% ano passado em relação a 2010, para US$ 1,84 bilhão, ou US$ 9,55 a ação, enquanto as vendas gerais subiram 36%.

O lucro do primeiro trimestre, divulgado na terça-feira, cresceu 33% em relação a um ano antes, para US$ 455 milhões, ou US$ 2,38 a ação, sendo que a receita aumentou 16%, para US$ 4,47 bilhões, impulsionada por uma alta de 40% nas vendas da América do Norte.

A receita da Cummins com autopeças e motores para caminhões pesados na América do Norte dobrou nos últimos 10 anos, para US$ 30.000 por caminhão. Esse número deve aumentar à medida que os fabricantes americanos de caminhões se adaptam às novas regulamentações, que a partir de 2014 os obrigarão a reduzir as emissões de dióxido de carbono e aumentar a economia de seus veículos. Além do mais, os fabricantes de novos caminhões na China, Índia e Brasil enfrentam restrições crescentes ao óxido nítrico, um dos gases que ataca a camada de ozônio e que a Cummins já reduziu para níveis baixíssimos nos motores americanos.

Ao mesmo tempo, os fabricantes brasileiros de caminhões planejam construir pelo menos seis novas linhas de montagem, aumentando a capacidade de produção de caminhões comerciais em estimados 30%. A Cummins já responde por quase a metade do mercado de motores para caminhões leves e de médio porte no Brasil, e por 35% dos motores para maquinário de construção.