22/11/12 15h17

Região de Sorocaba recebeu US$ 1,3 bi no ano passado

Cruzeiro do Sul

A Região Administrativa (RA) de Sorocaba recebeu US$ 1,3 bilhão em investimentos em 2011. A Pesquisa de Investimentos Anunciados (Piesp) - feita anualmente pela Fundação Seade e divulgada ontem - mostra que na região o destaque ficou para o setor industrial, responsável por 56% do total. Em todo Estado de São Paulo foram US$ 49 bilhões anunciados em investimentos durante esse mesmo período (veja matéria na página B2). Com 79 municípios a RA de Sorocaba ficou em quinto lugar no ranking geral, ficando atrás da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), Campinas, São José dos Campos e Baixada Santista. No Estado são 15 regiões administrativas.

Metade dos investimentos anunciados (cerca de US$ 25 bilhões) tiveram os destinos identificados, ou seja, o estudo conseguiu identificar o município da sua aplicação. O restante foi identificado como investimentos feitos no Estado como um todo. Levando esse total em consideração, a RA de Sorocaba recebeu aproximadamente 4% de tudo que foi aplicado no Estado. De acordo com a Piesp, mais de 47% dos investimentos anunciados (US$ 23,5 bilhões) concentraram-se na macrometrópole paulista, que além da RMSP, compreende as quatro regiões em seu entorno (Campinas, São José dos Campos, Baixada Santista e Sorocaba).

Responsável Técnico pelo estudo, Vagner de Carvalho Bessa, explica que a região de Sorocaba tem como particularidade o setor produtivo pulverizado. "Mais do que a quantidade, é interessante vermos a qualidade desses investimentos. Em Sorocaba nós encontramos praticamente todos os setores produtivos com forte atuação industrial", avalia o especialista. Segundo o responsável técnico da Piesp, o levantamento de dados é contínuo. Os dados de 2012, portanto, serão divulgados no próximo ano.

Como base para o estudo a Fundação Seade usa matérias publicadas na imprensa, que anunciam investimentos no Estado. "Entramos em contato com as empresas para checar as informações publicadas. São investimentos que podem até não ser realizados mas indicam a preferência das empresas", diz Bessa. Outra informação conseguida por meio da Piesp é o perfil produtivo e econômico das regiões administrativas paulistas.

RA Sorocaba
 
Bessa destaca que a RA de Sorocaba, recebeu indústrias com altos níveis tecnológicos. "São empresas modernas que demandam menos mão de obra mas com forte geração de renda", diz. Parte dos recursos gerados pela indústria, continua ele, puxa a prestação de serviços. Entre os investimentos feitos na região o estudo destacou o setor industrial citando principalmente o segmento de madeira. O estudo cita a Duratex, empresa do setor de móveis, investiu US$ 290,6 milhões na expansão de sua unidade em Itapetininga.

As autopeças também foram responsáveis por investimentos na região. A instalação de novas linhas de produção de eixos dianteiros para veículos comerciais na unidade da Dana, em Sorocaba (US$ 150,0 milhões), e a construção da fábrica de implementos rodoviários (reboques) da Noma, em Tatuí (US$ 40,8 milhões) são alguns exemplos citados por Bessa. Na área de produtos químicos a implantação de uma usina de biodiesel pela Bioverde, em Sorocaba (US$ 60,0 milhões) reforça a diversidade produtiva da região.

O mesmo cenário de diversificação acontece com as duas fábricas da alemã Lanxesse, em Porto Feliz. Uma delas é de plásticos mais leves para componentes automotivos (maçanetas, para-choques) e a outra, de aditivos de borracha para pneus, vedações, mangueiras e correias (US$ 33,9 milhões). Na área de maquinário, em Itu houve a inauguração da planta da Sumitomo, fabricante de redutores de velocidade para torres de resfriamento, esteiras transportadoras e misturadores, usados nos setores de mineração, siderurgia e sucroalcooleiro (US$ 72,6 milhões).

Com a ampliação da linha de produtos da Sorocaba Refrescos, fabricante local da Coca-cola, que também duplicou o centro de distribuição (CD) e realizou a compra de caminhões e maquinário, a região se destacou também no setor de alimentos e bebidas. Por último o estudo cita ainda a transferência da Cooper Power Systems - fabricante de religadores, capacitadores, reguladores de tensão, para-raios e fusíveis - para a cidade de Porto Feliz. A unidade fabril funcionava antes na capital paulista.

Nos serviços predominaram as atividades imobiliárias, especialmente pela construção de dois centros comerciais no município-sede - o New Iguatemi Mall, do grupo Jereissati (US$ 229,1 milhões) em Votorantim, e o Shopping Cidade Sorocaba (US$ 149,3 milhões) em Sorocaba, e de um terceiro, em Araçariguama - o São Paulo Prime Outlet (US$ 78,4 milhões). Além dessas novas construções o Piesp 2010 cita a expansão do Esplanada Shopping, que também se localiza em Sorocaba (US$ 35,8 milhões). Outro anúncio expressivo associou-se ao comércio de varejo - a instalação da megaloja de materiais de construção Leroy Merlin, na sede regional (US$ 35,3 milhões).
 
Descentralização
 
O destaque dos investimentos feitos no interior do Estado, para Bessa, reforçam a tendência de descentralização das aplicações dos recursos empresariais que antes tinham a capital e a RMSP como principal destino. A descentralização, porém, tem como particularidade a proximidade com a capital. Bessa explica que o alto custo paulistano e a infraestrutura oferecida pelo interior do Estado são fatores que explicam esse cenário.
Boas estradas para escoamento da produção e disponibilidade de mão de obra mais barata são alguns dos atrativos apresentados pelos municípios do interior. O estudo mostrou, porém, que esses investimentos ficam, na maioria das vezes, em um raio entre 100 e 150 quilômetros da cidade de São Paulo.