Região de Campinas ganha novo parque tecnológico
Gilberto Zancaner Brito, um dos responsáveis pelo projeto do novo parque tecnológico, em terreno onde será construído o centro de pesquisa, em Paulínia na divisa com Campinas
Correio PopularO Galileo Parque Tecnológico Empresarial, primeiro empreendimento de iniciativa privada voltado a investidores do mercado e empresas de produção baseada em pesquisa tecnológica, será lançado nesta quinta-feira (20) no 3º Inova Campinas - Fórum Regional de Inovação e Desenvolvimento Sustentado, realizado no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), pela Terras do Barão Empreendimentos, loteadora que atua no distrito de Barão Geraldo. Serão R$ 15 milhões investidos na fase inicial do local — terraplanagem, asfalto, água e esgoto, energia e cabeamento de fibra ótica — que irá ocorrer após reserva de 30% das unidades pelo mercado dando início às obras de infraestrutura, o que deverá ser alcançado até o segundo semestre do próximo ano. O projeto prevê, na segunda etapa, um mall com 2 mil m2. Todo o espaço contará com segurança e portaria 24 horas. O preço do metro quadrado não foi divulgado.
O objetivo dos empreendedores é tornar o Galileo conhecido no mercado e, nada melhor do que aproveitar o maior fórum de inovação tecnológica do Interior para apresentar o produto. O novo parque tecnológico estará consolidado, segundo expectativa dos empreendedores, nos próximos cinco anos. Assim que estiver em operação incluindo, na primeira fase, um núcleo para incubadoras com 12 módulos com área média de 21m2, auditório para 60 pessoas, salas de reuniões, café e área de convivência, a gestora do local iniciará o credenciamento do Galileo junto ao Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (Sptec).
Para quem está de olho no mercado e busca uma oportunidade para investimento, Gilberto Zancaner Brito, um dos responsáveis pelo projeto do novo parque tecnológico da Região Metropolitana de Campinas (RMC), vê na concentração de empresas inovadoras em um mesmo espaço, vantagens competitivas como promoção de cooperação e geração de novos negócios. Situado em Paulínia, na divisa com Campinas, o Galileo está sendo implantado em uma área de 663 mil m2, com 177 mil m2 de área verde - com reflorestamento de 24,8 mil mudas de espécies nativas já plantadas - e 203 lotes com tamanhos entre 1.125 e 5 mil m2. O financiamento será feito diretamente com o empreendedor com prazo de até 100 meses. “Quando você vende uma área com alienação fiduciária, a escritura sai no ato. É mais uma garantia para conseguir linhas de crédito para executar a construção”, disse Brito.
O empreendimento está licenciado e a Terras do Barão já cumpriu o Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental (TCRA). Além da localização estratégica a 4,5km da Rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332), 30 minutos do Aeroporto Internacional de Viracopos e a apenas 7 minutos da Unicamp, o parque tecnológico tem outra característica diferenciada em relação aos parques implantados em Campinas, que funcionam em áreas públicas. “Estamos atraindo investidores para desenvolver projetos. Temos a área e os interessados entram com a incorporação específica para uma determinada empresa. Vários tipos de atividades podem ser desenvolvidas no local”, afirmou Brito. O Galileo está localizado em uma zona de Paulínia que permite operações comerciais e industriais. Outro atrativo é o baixo valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) no município, para um lote de 1.125m2 algo aproximado em R$ 150,00 por ano.
A ideia de redirecionar o loteamento para o segmento tecnológico, conforme o responsável pelo projeto, ocorreu há dois anos na sondagem de mercado e também por força do incentivo da Fundação Fórum Campinas Inovadora (FFCI), entidade apoiadora e que dará suporte ao empreendimento. Um dos pontos fundamentais é o apoio da Fundação Fórum, que fará parte da entidade gestora do Galileo. “Diferente de um condomínio empresarial, um parque tecnológico promove troca de informação, convívio e relacionamento entre os usuários do local. São elementos que farão do local um promotor da cultura de inovação”, avaliou Brito.
De acordo com a definição da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), um parque tecnológico é um complexo produtivo industrial e de serviços de base científico-tecnológico, que agrega empresas que tenham produção baseada em pesquisas nos centros de P&D vinculados ao parque. O empreendedor conta com o apoio indireto de, pelo menos, 20 instituições relacionadas à Fundação Fórum, que é parceira na mentoria do desenvolvimento do parque tecnológico. “Não podemos esquecer que Campinas é o maior centro tecnológico de pesquisa científica do Brasil. Nossa referência para a implantação do parque são todas as empresas de tecnologia próximas à Unicamp e, claro, o apoio do Fórum”.
A maior parte dos lotes são de tamanho pequeno e atendem desde startups até empresas de base tecnológica, que atuam em pesquisas nas áreas de ciências tecnológicas, humanas, da saúde, agrícolas e ambientais, fator irá alavancar exponencialmente a economia na região.
Investimentos particulares surgem como saída à crise
Para Eduardo Gurgel do Amaral, vice-presidente de administração e finanças da Fundação Fórum Campinas Inovadora (FFCI) e diretor do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, o interesse de um empreendedor privado no desenvolvimento de uma nova área - 663 mil m2 de terreno bruto - demonstra que investimentos no setor de tecnológica surgem como atrativo para o enfrentamento da crise econômica. “O Galileo Parque Tecnológico e Empresarial será apresentando no 3º Inova Campinas. A feira cresceu muito desde a primeira edição, em 2012. A ideia é que o evento se transforme em referência no setor tecnológico até o início da próxima década”, estimou Amaral. O novo empreendimento, embora situado em Paulínia, reforça, na opinião do vice-presidente de administração e finanças da Fundação Fórum, a vocação de Campinas para a base tecnológica. A cidade é a única do País com cinco parques tecnológicos - Ciatec, CPqD, Renato Archer, Parque Científico e Tecnológico da Unicamp e TecnoPark - e gera 15% da produção tecnológica em território nacional.
“A RMC oferece demanda para atividades na área do conhecimento e da tecnologia. A região de Barão Geraldo tem vocação para o segmento de conhecido e qualquer projeto integrado ao ecossistema de inovação e tecnologia é bem-vindo”, afirmou Samuel Ribeiro Rossilho, secretário de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo de Campinas. Iniciativas em Paulínia, pela proximidade com o distrito, também surtem benefícios para Campinas. “Na política de Jonas Donizette, as cidades da RMC com projetos estabelecidos na região, tendem a beneficiar a cidade”, disse o secretário.
O mercado está em franco crescimento na área tecnológica. Praticamente há projetos de ampliações em todos os parques tecnológicos, entre eles, Techno Park, CPqD e o Ciatec, este último inserido na região da Nova Unicamp. Aproveitar o 3º Inova Campinas para o lançamento de um parque tecnológico, evento que será maior já realizado no segmento de tecnologia, atraindo toda a cadeia ligada ao ecossistema de base tecnológica e pesquisa, é estratégico por contar com a concentração de público segmentado em único local. Outro ponto é a realização do evento na Semana de Ciência e Tecnologia, atraindo muitos visitantes para Campinas.