Redes americanas investem no apetite dos brasileiros
De restaurantes casuais a uma rede de rosquinhas, eles não acreditam na recessão do país
Brasil EconômicoOs consumidores brasileiros, apertados pelo crecimento estagnado e por uma moeda mais fraca, estão comrpando menos produtosestrangeiros. Mas isso não se aplica quando o assunto é alimentação fora de casa.
Depois que algumas redes fracassaram em suas tentativas anteriores de entrar na maior economia da América Latina, as operadoras dos chamados restaurantes causais dos Estados Unidos estão se expandindo novamente. Cadeias como a Rede Lobster estão surgindo para atender demanda de consumidores de classe média que não podem pagar o jantar em restaurantes de padrão mais alto, mas que buscam uma noite com um pouco mais de classe. Outras, como a TGI Fridays, retornam em busca do desempenho do passado.
A Red Lobster Seafood Co., que foi adquirida pela Golden Gate Capital Corp, em julho, abriu dois primeiros restaurantes no Brasil neste ano, no Itaim Bibi e no Aeroporto Internaiconal de São paulo, e tem planos para mais 12. A bandeira está inaugurando lojas com a International Meal Co., a única operadora de redes de restaurantes de capital aberto do Brasil, disse o CEo da Red Lobster, Kim Lopdrup.
“O Brasil é um dos mercados mais atrativos da América Latina devido ao seu tamanho, perscetivas de crescimento de longo prazo e forte aceitação dos restaurantes americanos casuais” , disse Lopdrup, por e-mail.
Um prato de lagosta no Red Lobster custa de R$79 a R$1699, ou cerca de US$30 a US$65 , em São Paulo, contra US$27 a US$41 na Times Square, em Nova York.
Já a TGI Fridays está voltando após uma ausência de quatro anos. A empresa, que foi adquirida neste ano pela Sentinel Capital Partners e pela TriArtisan Capital Partners, deixou o Brasil por causa de “algumas preocupações financeiras relacionadas ao nosso sócio da franquia”, disse Jean Baudrand, vice-presidente para Desenvolvimento de Negócios Internacionais. O Brasil era “uma região de alto desempenho” para a rede, disse Baudrand.
Outra que está fazendo caminho de volta ao país é a Dunkin. Brands Group, que está planejando até 150 cafeterias com iluminação ambiental,
wi-fi e sofás. A rede está voltando para o Brasil após fechar suas franquias cerca de uma década atrás por causa de problemas na cadeia de abastecimento, disse Scolt Murphy, diretor de Abastecimento e vice-presidente de Operações para a América Latina da Dunkin´Dounuts. Desta vez, a sócia é a OLH Group – um grupo com sede em Brasília que anteriormente operou franquias do Subway-, que planeja ter um estoque de seis meses de insumo importados e está tentando encontrar produtores locais de itens como copo, disse o presidente da OLH, Leandro Oliva.
“Está é uma das maiores economias do mundo e está repleta de oportunidades”, disse Murphy. “As principais estarão na classe média”, completou.
O impulso renovado no Brasil surge em um momento em que o país tenta sair da recessão do primeiro semestre do ano. Enquanto essa situação poderia significar uma desaceleração para os clientes americanos, isso não acontece no Brasil, disse Renato Meirelles, presidente do Data Popular, instituto de pesquisa focado na classe média, faixa da população que o órgão define pelas famílias com renda mensal média de R$ 1.694 a R$ 3.094. Comer fora regularmente faz parte da cultura dos brasileiros e os 40 milhões de pessoas que ascenderam à classe média na última década não são uma exceção.
“Elas não desistem de comer fora, mas trocam restaurantes melhores por pizzarias ou reduzem a frequência das saídas”, disse Meirelles. “É que nem viajar de avião: aqueles que começam não vão mais viajar de ônibus. As pessoas não voltam para trás.