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Recuperada, Nardini já faz planos de abrir capital

Valor Econômico - 28/07/2008

Ao comemorar seu centenário de fundação, a Indústrias Nardini, fabricante de máquinas-ferramenta e injetoras de plástico, garante ter superado a crise que quase a levou à falência em 1996. Embalada pelos investimentos dos setores automotivo, petróleo e gás e açúcar e álcool, a empresa estima faturar cerca de R$ 210 milhões (US$ 131,3 milhões) neste ano, 17% a mais do que em 2007. Mas por trás da retomada da Nardini ainda existe muita polêmica. Assim que encerrou o ano de 96, sem alarde, a família Nardini deixou o controle da empresa. Foi quando surgiu Renato Franchi, atualmente detentor de 92% do capital da companhia. A transição ainda gera dúvidas, pois Franchi não desembolsou um centavo sequer para adquirir o controle da empresa, e o desfecho das ações trabalhistas contra a fabricante é criticado até hoje pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região. Por outro lado, a família Nardini rasga elogios ao executivo e parece estar satisfeita com seus 8% de participação na empresa. "Fiz acordos com fornecedores para retomar os pagamentos em seis meses e reduzi em 85% a folha de funcionários", contou Franchi. O escasso capital de giro foi obtido com a produção de 40 máquinas-ferramenta pedidas antes do auge da crise. Nos dois anos seguintes o número de funcionários passou de 300 para 800 e as dívidas com fornecedores foram quitadas. Hoje, com 1,2 mil empregados, a Nardini tem capacidade para produzir 270 equipamentos por mês entre máquinas-ferramenta, injetoras de plástico e tornos CNC. Para o futuro, os planos de Franchi são ousados. Ele acha que em pouco tempo a Nardini estará pronta para captar recursos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Com esse objetivo, segundo ele, existe um contrato de risco firmado com o fundo de private equity canadense Dellos. "Não enviamos nenhum resultado a eles. A única participação do Dellos é na organização da governança corporativa da Nardini", explicou. Caso a empresa vá ao mercado abrir o capital nos próximos seis anos, o Dellos tem assegurado ao menos 50% das ações da companhia.