09/06/11 15h05

Reciclagem é a estratégia futura da Novelis

Valor Econômico

A Novelis, maior fabricante mundial de produtos laminados de alumínio, como chapas para fabricação de latas de bebidas, tem um desafio à frente, em especial no Brasil. Com um projeto de expansão da capacidade em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, a empresa está preocupada com o suprimento futuro de matéria-prima. Um caminho, traçado globalmente, é ampliar o uso de material reciclado. Até 2020, a meta definida é atingir 80%.

No Brasil, a Novelis já conta com 200 mil toneladas de alumínio reciclado por ano, o correspondente a metade dos laminados que produz. A maior parte desse material é proveniente da coleta de latinhas de cerveja e refrigerantes, que são refundidas e transformadas em lingotes. O Brasil é líder mundial na reciclagem desse produto, com mais de 90%, que retorna ao mercado na forma de novas latas.

Mundialmente, a companhia, antiga divisão de laminados da Alcan que foi separada e vendida em 2005, tem 34% da produção feita com matéria-prima reciclada. Esse percentual equivaleu a 1 milhão de toneladas no último ano fiscal da empresa, encerrado no fim de março. Com a corrida e o boom das commodities, a empresa vê como estratégico para o negócio o aumento da matéria-prima fonte de metal reciclado.

"A partir de 2013 teremos de buscar novas fontes de suprimento no Brasil e a expansão da reciclagem é a principal delas", afirma Alexandre Almeida, presidente da Novelis na América do Sul. A situação da empresa se agrava porque, além da expansão em curso, no ano passado teve de fechar a fundição de Aratu (BA), que fornecia mais de 50 mil toneladas de metal por ano. "O custo da energia da Chesf, acima de US$ 60 o MWhora, tornou a produção da nossa fábrica não competitiva".

A Novelis não foi a única a fechar as portas de uma fundição. No início de 2009, a Vale também encerrou as atividades da Valesul, em Santa Cruz (RJ). Com isso, a oferta de metal para transformadores de alumínio no país recuou em 150 mil toneladas - 10% do total que era produzido por ano. A expectativa do setor é que o país se torne já no próximo ano um importador líquido de alumínio. "Em Outro Preto, outra fundição que temos, a produção só é viável porque geramos 60% da energia consumida", informa Almeida.

Por conta disso, neste ano a Novelis prevê importar 40 mil toneladas de metal - da Argentina e Venezuela - para complementar o suprimento interno. Da reciclagem própria e de Ouro Preto sairão 250 mil. A diferença será adquirida de produtores internos de alumínio, como Alcoa e BHP Billiton. Mas com a expansão da empresas, que crescerá 50%, para 600 mil toneladas, terá de buscar mais material no exterior.

A expansão da laminadora da Novelis, conhecida como Pinda, terá investimento de US$ 300 milhões. A obra será concluída até setembro de 2012 e entram em fase comercial em janeiro de 2013. Almeida diz que o Brasil deixou de ser competitivo no custo de energia para a indústria comparado a outros países. O investimento, diz ele, se justifica porque a laminadora terá ganho de escala. O alvo é o mercado de embalagens para bebidas, que cresce a dois dígitos por ano e deve atingir 25 bilhões de latinhas antes de 2015. A empresa tem 75% das vendas nesse mercado.