05/12/08 11h49

Real fraco abre oportunidades no Brasil, diz Goldman Sachs

Valor Econômico - 05/12/2008

A puxada no valor do dólar - de 62% desde o seu nível mínimo no ano - muda o jogo no mercado de fusões e aquisições para o Brasil. As empresas brasileiras passam, de uma hora para outra, de compradoras a alvo de aquisições, alerta Gary Cohn, co-presidente mundial do Goldman Sachs. "Quando estive aqui no Brasil há 6 meses me encontrei com as 20 maiores empresas do país e todas queriam comprar ativos fora do país", conta. "Agora, nós temos as mesmas companhias procurando potenciais investidores externos", revela ele. Para o Goldman Sachs - líder mundial no mercado de fusões e aquisições e sexto colocado no mercado brasileiro neste ano até novembro, segundo a Thomson Reuters -, essa é uma oportunidade. Terrorismo, distúrbios políticos ou geopolíticos em outros países emergentes fazem os investidores voltarem ainda mais sua atenção para oportunidades no Brasil, "um país mais estável". Cohn lembra que "todas as classes de ativos" estão em queda abrupta de preços, desde ações, passando por títulos da dívida, commodities até imóveis e que essa depreciação vai se perpetuando e aprofundando com a ausência de crédito. "Nossos ativos no Brasil também foram afetados pelo ambiente de hoje, de falta de financiamento", confirma. "Mas, se você tivesse disponibilidade de crédito, de alavancagem, esses ativos no Brasil seriam interessantes", diz. Quando o crédito voltar, os preços voltarão a ser marcados para cima e o Goldman Sachs poderá ter ganhos fortes, diz. Ele não descarta novas baixas nos próximos trimestres, no entanto, antes da recuperação. No Brasil, entre outros investimentos, o Goldman Sachs tem 15% do capital da Santelisa Vale, de Sertãozinho (SP), o terceiro maior grupo de açúcar e álcool do país, que renegocia dívidas de US$ 300 milhões. Também tem participação minoritária na empresa de aviação BRA, que está sem operar desde o final de 2007 e em recuperação judicial, com dívida de R$ 220 milhões, a maior parte com bancos. O banco é também credor da Braspelco, inadimplente desde o início de 2006 e com dívida de US$ 200 milhões. Além disso, o Goldman Sachs é um dos 12 credores da Aracruz em derivativos e participa da renegociação de dívida total de US$ 2,1 bilhões. Como parte dos cortes de 10% no total de funcionários em todo o mundo, o Goldman também reduziu pessoal no Brasil e na América Latina. Mas em proporções ligeiramente menores do que no mundo. Apesar disso, Cohn afirma que continua a expandir negócios no Brasil e "em todos os países que consideramos como as economias dominantes no futuro".