Ranking de Competitividade coloca sete cidades da RMC entre as 100 melhores do país
Campinas foi a melhor colocada da região, na 8ª posição nacional e 4ª estadual; classificação considera 65 indicadores, entre eles inovação e dinamismo econômico
Correio PopularA Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem sete cidades entre as 100 melhores do país, de acordo com a 5ª edição do Ranking de Competitividade dos Municípios lançado ontem, em Brasília, pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com a Gove e a Seall, empresas que atuam nas áreas de pesquisas e soluções de informática. Campinas é a cidade melhor colocada, na 8ª posição nacional e na 4ª estadual, com a listagem trazendo ainda Americana, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Paulínia e Valinhos no top 100. O levantamento apresenta os resultados dos 410 municípios do país com mais de 80 mil habitantes, que, juntos, correspondem a 60% da população brasileira.
Outros duas cidades da RMC, Santa Bárbara d'Oeste e Sumaré, também aparecem na listagem, mas fora do top 100. O ranking se baseia em 65 indicadores, distribuídos em 13 pilares temáticos considerados fundamentais para a promoção da competitividade e melhoria da gestão pública das cidades brasileiras. “Nós chamamos de competitividade a capacidade de um governo articular, planejar e executar boas políticas públicas”, explicou a especialista em advocacy e análise de conjuntura política, Carla Marinho, da área de Relações Governamentais e Competitividade da CLP.
“Isso significa desenhar políticas baseadas em dados, uso racional de recursos a partir de diagnóstico e indicadores claros, ou seja, cada vez mais tomar decisões baseadas em informações em vez de opiniões”, completou. O ranking é elaborado a partir de pesos diferentes entre os quesitos avaliados. A inovação e dinamismo econômico é o quesito com maior participação no levantamento, representando 16,1% do total, seguido por sustentabilidade fiscal (10,2%) e funcionamento da máquina pública (9,3%). São avaliados ainda acesso e qualidade da educação e saúde, telecomunicações, saneamento, capital humano, segurança, inserção econômica e meio ambiente.
Reflexos
No pilar de inovação e dinamismo econômico, Campinas captou em 2023 aproximadamente R$ 4,3 bilhões em investimentos, o maior volume em dez anos. O desempenho posiciona o município entre os quatro paulistas que mais receberam recursos para novos empreendimentos. O balanço consta no estudo "O perfil dos investimentos confirmados no município de Campinas – 2023", realizado pelo economista Cristiano Monteiro da Silva, pesquisador do Observatório PUC-Campinas, com base em pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O montante é quase o dobro do maior valor registrado anteriormente, que foi de R$ 2,4 bilhões em 2014, e mostra uma forte recuperação na captação de investimentos privados e públicos, algo que estava em queda há cinco anos.
O valor anunciado no ano passado é 31,5% maior do que a soma da captação ocorrida entre 2018 e 2022, R$ 3,27 bilhões. O montante mais baixo na última década foi registrada em 2022, quando ficou em R$ 53,6 milhões. O economista ressaltou a qualidade do perfil do investimento por se concentrar em serviços (76,1%) e infraestrutura (23,46%), preparando o município para o futuro. “Os investimentos em Campinas não ficaram concentrados em uma única empresa, se diluíram em várias e se destacaram por ser em desenvolvimentos de conhecimento, tecnologia e associados à sustentabilidade, à transformação digital, à indústria 4.0”, explicou Cristiano Monteiro, que também é professor da Faculdade de Economia da PUC-Campinas.
O ranking da CLP mostra que Campinas ocupa o 1º lugar entre as cidades do interior de todo o país, atrás apenas de capitais e municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Florianópolis (SC) lidera o ranking nacional, seguido, na ordem decrescente, por São Paulo, Vitória (ES), Porto Alegre (RS), Barueri (SP), São Caetano do Sul (SP) e Curitiba (PR). Campinas aparece no ranking nacional à frente de outras capitais, como Belo Horizonte (MG – 13ª posição) e Rio de Janeiro (38ª), e outros municípios paulistas de grande porte, entre eles São Bernardo do Campo (21ª), São José dos Campos (29ª) e Guarulhos (186ª).
Destaques
O levantamento de competitividade dos municípios colocou Campinas na 4ª colocação na avaliação de boas práticas de consciência social, sustentabilidade e governança, conceitos conhecidos pela sigla ESG, em inglês. O primeiro lugar é ocupado por Santos (SP). Na sequência, aparecem São Caetano do Sul e Balneário Camboriú (SC). São Sebastião (SP), na 5ª posição, é a cidade brasileira que mais avançou em comparação ao levantamento do ano passado, subindo 35 colocações.
Paulínia, em 4º lugar, e Campinas, em 6º, se destacaram na avaliação dos pontos da Agenda 2030 das Organizações das Nações Unidas (ONU), um plano global que reúne 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, e 169 metas, criados para erradicar a pobreza e promover vida digna a todos. Ente as metas estão saúde e bem-estar, igualdade de gênero, saneamento básico e ações sustentáveis para preservação do meio ambiente.
Nesse quesito, as três primeiras posições são ocupadas por cidades paulistas: São Sebastião, São Paulo e Santos. Florianópolis, em quinto, é o único município de outro Estado entre os cinco melhores colocados de todo o país. “Essa competição positiva favorece o cidadão e promove a transformação social”, disse a especialista em conjuntura política Carla Marinho.
Para o CEO da Gove, Rodolfo Ciori, o ranking mostra as grandes diferenças de realidade entre as regiões brasileiras. “As desigualdades regionais continuam chamando a atenção. Dos 100 primeiros colocados, 96 fazem partes das regiões Sul e Sudeste”, afirmou. As quatro cidades fora dessas áreas são todas capitais de Estado. Na 53ª colocação, Recife (PE) é a cidade do Nordeste mais bem posicionada. As outras três cidades de outras regiões são Palmas (TO – 54ª), Campo Grande (MS – 65ª) e Fortaleza (CE – 96ª). Entre as 50 cidades piores colocadas, 37 são do Nordeste e Norte.