29/07/24 15h26

RA de Campinas captou R$ 13 bi em investimentos no primeiro semestre

Montante coloca a Região Administrativa na segunda posição em atração de novos recursos entre as 16 analisadas por estudo da Fundação Seade

Correio Popular

A Região Administrativa (RA) de Campinas captou R$ 13,13 bilhões em novos investimentos no primeiro semestre deste ano, sendo a segunda colocada na obtenção de recursos entre as 16 do Estado de São Paulo e a terceira no ranking geral. De acordo com pesquisa divulgada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), o montante é inferior apenas aos R$ 41,29 bilhões anunciados para a Região Metropolitana de São Paulo e os R$ 28,33 bilhões inter-regionais, quando mais de uma região é analisada. Porém, pouco mais metade desse último recorte também beneficiará a região, pois R$ 14,2 bilhões referem-se ao projeto do Trem Intercidades (TIC) São Paulo-Campinas. O empreendimento beneficiará 11 cidades, onde residem 15 milhões de habitantes, com estações também em Valinhos, Vinhedo, Louveira e Jundiaí.

O contrato entre o governo estadual e o consórcio sino- brasileiro C2 Mobilidade sobre Trilhos, vendedor da licitação internacional do TIC, foi assinado em maio, com as obras programadas para começar em junho do próximo ano. Três cidades da RA de Campinas - Hortolândia, Piracicaba e Itirapina - concentraram R$ 11,65 bilhões dos novos investimentos, o equivalente a 11,4% do total anunciado para o Estado entre janeiro e junho: R$ 102,42 bilhões. O raio-X do estudo da Seade revelou que a Região Administrativa está inserida na mudança da matriz energética automotiva mundial e no avanço dos serviços envolvendo a tecnologia de informações.

Dois investimentos, somando R$ 9,65 bilhões, envolvem a modernização de fábricas para a produção de veículos eletrificados. Eles fazem parte do que o gerente de Indicadores Econômicos da fundação, Vagner Bessa, chama de "corredor asiático da indústria automobilística", constituído no Estado principalmente na última década. "Ele é formado pelas regiões de Sorocaba e Campinas", explicou, referindo-se aos locais onde estão instaladas plantas de multinacionais do Japão, Coreia do Sul e China. "Esses investimentos são importantes porque atraem outros. São fornecedores que se instalam no entorno, gerando um número maior de novos empregos", acrescentou Vagner Bessa.

Projetos

Uma gigante sul-coreana está investindo em R$ 5,45 bilhões na unidade de Piracicaba. Além da modernização da fábrica, os recursos serão destinados para desenvolvimento de novas tecnologias envolvendo carros híbridos, elétricos e movidos a hidrogênio verde, com planos para criar uma cadeia desse último combustível no Brasil e na América do Sul. A empresa tem 3,2 mil funcionários em Piracicaba, onde são produzidos os dois modelos mais vendidos da marca no país.

"Grande parte dos recursos que vamos fazer de investimento no Brasil vai ser em novas tecnologias. O hidrogênio é a energia mais limpa que existe", afirmou o presidente para a América Latina e Sul da montadora, Airton Cousseau, Outra multinacional investirá R$ 4,2 bilhões ao longo de seis anos na planta de Itirapina, para a produção de veículos híbridos e no desenvolvimento de dois novos modelos.

"Em 2030, visualizamos um potencial de produção de 150 mil unidades em Itirapina", disse o presidente da montadora na América do Sul, Arata Ichinose. Esse número representa um aumento de 50% em comparação ao previsto para este ano. Em 2023, a empresa produziu 80 mil unidades. Os investimentos na RA de Campinas vêm na carona de um pacote de R$ 130 bilhões anunciado pela indústria automobilística no Brasil desde o ano passado.

Para o consultor automotivo independente Milad Kalume Neto, a estabilidade econômica do país criou um "panorama muito melhor", o que tem gerado mais confiança para as montadoras. "Para 2024, estamos com uma projeção de vendas de 2,4 milhões de unidades. O mercado de automóveis é, basicamente, feito por três variáveis: preço do automóvel, juros, porque grande parte é financiando, e a liberação de créditos pelas instituições financeiras", afirmou o especialista. Nos próximos anos, acrescentou, a expectativa é de continuar crescendo.

Outros empreendimentos

O terceiro grande investimento na RA é de R$ 2 bilhões para a construção de um complexo de data center em Hortolândia. "O nosso complexo terá cerca de 80 mil metros de área construída e os trabalhos consumirão investimentos ao longo de quatro anos", explicou o presidente da empresa, Eduardo Sodero. A nova unidade será a quinta da empresa, que tem outras duas em São Paulo, uma no Rio de Janeiro e outra em Bogotá, na Colômbia.

Os novos empreendimentos ajudam a explicar o fato de a Região Administrativa de Campinas ter gerado 59.679 novos empregos com carteira assinada no acumulado de janeiro a maio deste ano, sendo a segunda com o melhor desempenho no Estado de São Paulo, revelou outro estudo da Seade.

Uma fabricante de pneus instalada em Campinas investiu R$ 200 milhões na construção do maior centro de pesquisas e desenvolvimento empresa na América Latina. Nos novos laboratórios serão realizados testes de qualidade para atender à demanda da companhia nos países dessa região.

A ideia, com esse centro, é estreitar relações com a comunidade acadêmica e científica da região, de acordo com o CEO e vice-presidente sênior da empresa para a América Latina, Cesar Alarcon.

Além do novo laboratório em Campinas, a companhia destinou outros R$ 150 milhões para a aquisição de uma empresa nacional de transformação de borracha natural. "O investimento consolida a posição estratégica da empresa no mercado latino- americano", explicou o executivo. De acordo com ele, a multinacional italiana investiu R$ 2 bilhões no Brasil nos últimos seis anos.

Os investimentos anunciados para o Estado de São Paulo no primeiro semestre representam o melhor resultado para o período dos últimos cinco anos e supera os números do período pré-pandemia de covid-19. A melhor performance anterior foi registrada de janeiro a junho de 2019, com o total de R$ 68 bilhões. O montante neste ano representou um aumento de 107,3% em comparação aos R$ 49,4 bilhões de reais do primeiro semestre do ano passado.

"Os números da pesquisa reforçam o nosso compromisso com o desenvolvimento de São Paulo. Desde o início da gestão, temos adotado medidas para melhorar o ambiente de negócios, gerar oportunidades e atrair novos investimento", afirmou o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos). No Estado, os maiores investimentos foram na área de infraestrutura e envolvem projeto do governo. Além do Trem Intercidades São Paulo- Campinas, foram anunciados outros R$ 13,4 bilhões na expansão das linhas de metrô na Capital.

Os investimentos em transporte terrestre tiveram uma participação de 35,4% do total. Os outros setores com maior representação foram indústria automotiva (22,1%), atividades auxiliares ao transporte (9,7%), eletricidade e gás (8,3%) e comércio (8%).

 

Fonte: https://correio.rac.com.br/campinasermc/ra-de-campinas-captou-r-13-bi-em-investimentos-no-primeiro-semestre-1.1543406