Quatro das 30 cidades mais sustentáveis do país estão na RMC
Americana, Indaiatuba, Campinas e Valinhos se destacaram no ranking que avaliou 319 municípios com mais de 100 mil habitantes
Correio PopularA Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem quatro cidades entre as 30 mais sustentáveis do país, Americana (na 15ª posição), Indaiatuba (19ª), Campinas (27ª) e Valinhos (28ª). É o que mostra o ranking elaborado pela Bright Cities, plataforma de diagnóstico que trabalha com mais de 100 indicadores relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ISO 37120, que avaliou 319 municípios com mais de 100 mil habitantes em 40 indicadores distribuídos em cinco pilares: prosperidade, gestão, bem-estar, segurança e infraestrutura e serviços básicos. Lançada em 2014, a norma ISO 37120 é o primeiro documento global de avaliação de cidades com olhar ao desenvolvimento sustentável, criando um padrão internacional que estabelece indicadores e metodologias para medir e avaliar o desempenho dos serviços e da qualidade de vida em áreas urbanas.
“É muito complexo gerenciar uma cidade. A transformação virá se a gente conseguir fazer com que todo mundo veja a gestão pública como uma oportunidade de contribuir. É tentar fazer com que os planos sejam da cidade e não só da gestão daquele momento, para que tenha continuidade”, afirmou a CEO da Bright Cities, Raquel Cardamone. “Isso só acontecerá se a gente tiver gestão pública, setor privado, as universidades e o cidadão. Esse é o ecossistema de inovação para uma cidade sustentável”, completou. O ranking considera indicadores como população empregada, acesso à internet e telefonia celular, taxa de endividamento da prefeitura, nível de escolaridade da população, leitos hospitalares, índice de saneamento básico, reciclagem de lixo e outros.
Campinas, que recebeu a nota 6,20 na pesquisa, tem evoluído nesses aspectos. No mês passado, a cidade foi a única, entre as com mais de 500 mil habitantes, a atingir a universalização dos serviços de saneamento, de acordo com estudo feito pelo Instituto Trata Brasil. O município tem 99,6% da população de 1,13 milhão de habitantes atendida com água tratada, 95,89% com coleta de esgoto e trata 80,32% dos resíduos. “Campinas atingiu a meta de universalização dos serviços de saneamento dez anos antes do prazo estabelecido no Marco Legal do setor”, destacou o presidente da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (Sanasa), Manuelito Magalhães Junior.
O secretário de Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade de Campinas, Rogério Menezes, afirmou que o ranking é novo e que a Pasta vai aprofundar a análise sobre a metodologia usada. Ele destacou que Campinas continua entre as cinco melhores cidades com mais de 1 milhão de habitantes, tendo oscilado da primeira para a quarta posição.
"As comparações só fazem sentido quando feitas entre cidades do mesmo porte, com o mesmo perfil. Campinas segue bem posicionada no ranking oficial do IDS-C (ranking da ONU /MCTi com o programa Cidades Sustentáveis) e também nesta nova classificação. O município continua em destaque no Brasil entre as cidades com mais de um milhão de habitantes melhores ranqueadas em relação ao desenvolvimento sustentável e aos indicadores de sustentabilidade no país", ressaltou.
Outros indicadores
A cidade fechou 2023 com a criação 13.170 novas vagas com carteira assinada, de acordo com o painel de empregos do Observatório PUC-Campinas, baseado em dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. Somente no primeiro bimestre deste ano outros 3.690 postos foram criados, atingido o estoque de 408.029 empregos. Para a economista Eliane Navarro Rosandiski, responsável pelo estudo, o desempenho geral da RMC e de Campinas em particular “leva a uma percepção que o rumo da economia está certo e isso está refletindo na geração de empregos, que está indo muito bem”.
Um estudo do Observatório PUC divulgado esta semana mostrou que a cidade captou no ano passado aproximadamente R$ 4,3 bilhões em investimentos, o maior volume em dez anos. “Os investimentos em Campinas não ficaram concentrados em uma única empresa, se diluíram em várias e se destacaram por ser em desenvolvimentos de conhecimento, tecnologia e estar associado a sustentabilidade, a transformação digital, a indústria 4.0”, disse o economista e pesquisador do órgão Cristiano Monteiro da Silva.
Outro indicador analisado pela Bright Cities em que o município avançou foi o de segurança no trânsito. O número de mortes de motociclistas em acidentes nas vias urbanas foi 63% menor nos dois primeiros meses de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram três óbitos entre janeiro e fevereiro, contra oito no mesmo período de 2023, segundo dados preliminares do Boletim Mensal Informativo de Óbitos no Trânsito, desenvolvido pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).
No começo deste mês, ela lançou o projeto-piloto “Agente Presente” para permitir que os cidadãos que circulam no Centro tenham cada vez mais proximidade com os agentes da mobilidade urbana. “Nossa ideia é fazer com que, neste eixo principal do Centro, tanto os pedestres quanto os condutores tenham sempre um agente da mobilidade urbana próximo e atento para dar o suporte necessário. Sabemos que esse acesso facilitado ao agente e o atendimento rápido podem ajudar, e muito, a sanar dúvidas e problemas que atrapalham o cidadão no dia a dia”, explicou o presidente da Emdec, Vinicius Riverete.
Outros exemplos
Campinas quer fazer valer seu ecossistema formado por indústrias, centro de pesquisas e universidades para ser uma referência nacional e internacional de inovação tecnológica e atrair novos investimentos. A iniciativa do Executivo envolve lideranças ligadas à inovação, pesquisa e desenvolvimento, educação, eventos, comércio e indústrias e ouras áreas. “Da parte da Prefeitura, firmo o compromisso de viabilizar e dar todo o incentivo a este projeto. Campinas é um poderoso ecossistema de inovação e precisa dar mais este passo rumo ao futuro”, disse o prefeito Dário Saadi (Republicanos).
“Temos muito a fazer, mas os indicadores confirmam que Valinhos está no caminho certo”, afirmou a prefeita de Valinhos, Lucimara de Godoy (PSD). Para ela, a nota 6,19 obtida se deve a investimentos em várias áreas, como a compra de mais de cerca de mil câmeras de monitoramento, solução da falta de remédios, implantação do prontuário eletrônico na rede de saúde e entrega de novas creches. Lucimara de Godoy reforçou que um dos pilares das ações é o cuidado do ser humano. “A implantação do Programa Saúde da Família, do Centro de Referência do Autismo e as reformas dos prédios que oferecem os serviços públicos são exemplos da nossa missão de cuidar das pessoas”, completou.
O reconhecimento da Bright Cities, onde ficou com a nota 6,23, é o segundo obtido por Indaiatuba em quatro meses que a aponta como uma cidade sustentável. Em dezembro, o município ficou na 17ª posição do Ranking Ambiental dos Municípios Paulistas do Programa Município VerdeAzul (PMVA) 2023, realizado pelo governo paulista, por suas ações envolvendo preservação do meio ambiente. Para o prefeito Nilson Gaspar (MDB), Indaiatuba mostrou que está fazendo a lição de casa. “Além de nos mantermos entre os municípios certificados, ainda conseguimos subir duas posições no ranking ambiental em relação ao ano anterior. Isso nos orgulha muito, porque mostra que estamos progredindo nas questões ambientais”, afirmou.
Com a nota 6,25, Americana foi a cidade da região com a melhor avaliação no ranking das cidades sustentáveis. Uma das ações da Prefeitura é o Programa Educação Empreendedora, que terá uma nova edição em 2024. Em torno de 2,1 mil estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental dos cinco Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) têm aulas para estimular o desenvolvimento do potencial empreendedor, com a novidade que será incorporado também o componente de desenvolvimento socioemocional.
O programa é alicerçado em dois pilares: a educação como protagonista do processo de transformação digital da sociedade e a cultura empreendedora de uma forma ampla, incluindo o envolvimento dos estudantes em atividades literárias, filmes e dinâmicas com o objetivo de levá-los a refletirem sobre valores, cidadania, ética, sustentabilidade, diversidade e a busca do autoconhecimento. “Tivemos como resultado o despertar de competências e de habilidades e o fortalecimento da autoestima e da autonomia dos nossos estudantes, por isso decidimos pela continuidade desta parceria tão acertada”, explicou secretário de Educação, Vinicius Ghizini, sobre o resultado do trabalho em 2023.
Cidades paulista ocupam as sete primeiras posições do ranking de cidades sustentáveis da Bright Cities. A lista é liderada por Barueri (nota 7,09), seguida por São Caetano do Sul (6,9), São Paulo (6,49), Santos (6,48), Bragança Paulista (6,46), São José dos Campos (6,44) e Botucatu (6,39). “O que a gente tem que fazer é mudar a cultura da gestão pública para uma cultura mais inovadora, de responsabilidade”, afirmou a CEO da plataforma, Raquel Cardamone.