11/04/23 12h49

Quase um quarto do açúcar exportado vai para os árabes

Monitor Mercantil

O mercado árabe tem participação expressiva entre os destinos do açúcar exportado pelo Brasil. No ano passado, a região respondeu por 23% do total comercializado no exterior pelo país. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, o Brasil exportou US$ 11,2 bilhões em açúcar em 2022, um aumento de 20% sobre 2021. Foram 27,4 milhões de toneladas.

A Argélia apareceu em segundo lugar no ranking dos maiores importadores do açúcar brasileiro em 2022, com US$ 778,6 milhões em compras. O Marrocos ficou em quarto lugar com mais de US$ 636 milhões. Já Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito constaram em oitavo, nono e décimo lugares na lista. A China foi a maior importadora do açúcar brasileiro no ano passado, com US$ 1,6 bilhão em aquisições.

Para o professor de Geopolítica da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Leonardo Trevisan, a Argélia se destaca no mundo e entre os países árabes, porque além de ser um país grande, também tem uma indústria alimentícia forte e serve como um hub de produção para todo o Norte da África.

Segundo o professor da ESPM, o ótimo relacionamento que existe entre os países da Liga Árabe e o Brasil fez com esses mercados ocupassem as colocações de destaque na lista de importadores do açúcar brasileiro.

“Faz anos que essa relação comercial para importação de açúcar começou. Não é algo recente, teve início muitas décadas atrás, diria, perto dos anos de 1970 e 1980, até adquirir o formato que tem hoje. Foi uma relação bem construída e vem sendo mantida ao longo dos anos”, explica Trevisan.

As exportações do alimento, produzido principalmente nas regiões Nordeste e Centro-Sul do Brasil, se destacam por três motivos: primeiro, por conta da regulação que existe entre demanda e oferta. Ela faz uma análise contínua do que é produzido e do que é vendido, e isso auxilia na formulação do preço final. Em relação aos maiores estados produtores no Brasil, São Paulo e Pernambuco têm grande destaque.

De acordo com Trevisan, os outros dois motivos para o sucesso das exportações são a estrutura e a tradição brasileira na área.

“Existe uma estrutura produtiva grande em torno das usinas, com uma estrutura tecnológica mais avançada do que vemos na Índia, por exemplo, e temos um patrimônio naval adquirido nessa área bastante consolidado. Quando falamos de açúcar, temos muita tradição, somos um país com 200 anos de experiência nesta produção”.

De acordo com o professor de Geopolítica, o Brasil se encontra entre os maiores exportadores de açúcar do mundo, sendo responsável por mais de 45% do total do produto comercializado.

A Índia aparece como o principal concorrente do país. Entretanto, por ter uma grande população para alimentar (mais de 1,4 bilhão de pessoas), uma parte expressiva da produção acaba sendo utilizada internamente.

Por isso, o Brasil tem grandes chances de crescer neste mercado. Em razão do clima ter favorecido as plantações de cana-de-açúcar, a expectativa para a safra 22/23 é de que sejam produzidas 1,8 milhão de toneladas a mais do que na colheita anterior, chegando a 32 milhões de toneladas.

Também há expectativa de aumento de preço do produto, podendo ficar até 30% acima do que estava há dois anos.

“Além disso, a expectativa da Datagro é de que o consumo mundial seja 2,5% maior nesta safra 22/23 do que foi na média dos últimos 10 anos”, completa Trevisan, citando os dados da Datagro, Consultoria Agrícola Independente.

O professor da ESPM também analisou a relação dos grandes compradores de produtos brasileiros, indo além do açúcar. EUA e China aparecem nas primeiras colocações, principalmente quando falamos de importações de produtos relacionados com o agronegócio.

Já os países da Liga Árabe aparecem na terceira colocação de maiores importadores de produtos vindos do Brasil. Além do açúcar, eles compram milho, minério de ferro, aves, soja e carne bovina.

“Vendemos mais para eles do que para União Europeia”, afirma Trevisan sobre os países árabes. Segundo ele, essa relação é baseada na confiança e é algo já consolidado. “E o Brasil também compra muitos produtos deles, como os derivados do petróleo, adubos, fertilizantes e inseticidas agrários. Assim os dois lados saem ganhando.”

 

Fonte: https://monitormercantil.com.br/quase-um-quarto-do-acucar-exportado-vai-para-os-arabes/