01/06/15 13h18

Qualcomm busca novas conexões para lucrar

Terceira maior companhia de semicondutores do mundo, empresa americana ensaia em 2015 uma guinada rumo à Internet das Coisas no mercado brasileiro

Brasil Econômico

Terceira maior companhia de semicondutores do mundo, a americana Qualcomm ensaia em 2015 uma guinada rumo à Internet das Coisas no mercado brasileiro. O movimento está alinhado com a estratégia global da companhia, que espera vender cinco bilhões de chips até 2018 para conectar carros, eletrodomésticos e outros objetos à web. No país, a empresa está envolvida com mais de 20 projetos de cidades inteligentes, além de negociar com as principais montadoras. Alvo de um processo de licitação pública, a transformação de 600 mil pontos de iluminação na cidade de São Paulo numa rede inteligente — com menor consumo e controle centralizado — também está na mira da companhia.

“Neste ano, estamos colocando mais esforços e mais recursos para desenvolver esse mercado (de Internet das Coisas)”, afirma Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm no Brasil. “É um mercado que deve ganhar força entre 2016 e 2017”. No mundo, a empresa contabiliza 20 milhões de automóveis conectados à internet por meio de chips da Qualcomm. São aproximadamente 40 projetos, envolvendo 15 montadoras espalhadas pelo mundo. Uma das principais apostas da Qualcomm está no papel crescente do infotainment — mistura de informação e entretenimento — dentro dos novos veículos. “Cada vez mais, os consumidores vão dar valor à tecnologia em vez de se preocupar com o número de cavalos do motor”, acredita Steinhauser. No mercado brasileiro, conta o executivo, a companhia conversa não apenas com as principais montadoras mas também com instâncias governamentais, uma vez que a instalação de chips que permitam a identificação eletrônica de automóveis também tem implicações na área de segurança.

No segmento de cidades inteligentes, a Qualcomm participa de projetos com diferentes graus de maturidade. “Estamos envolvidos em mais de 20 cidades inteligentes, seja na fase de diálogo, de projeto ou de implementação”, diz o presidente da companhia no Brasil. Em São Paulo, está prevista para o final de julho a divulgação do resultado de uma licitação realizada pela Prefeitura para contratação de 600 mil pontos de iluminação inteligente. Nesse modelo, as lâmpadas tracionais seriam substituídas por luminárias com tecnologia LED, integradas numa rede conectada a um centro de controle operacional. Atualmente, a Prefeitura depende de ligações da população para detectar falhas na iluminação pública. Se não houver atrasos,a previsão é de que a implementação do projeto seja iniciada ainda este ano.

Como exemplo da transformação digital em curso nas grandes cidades, Steinhauser cita o caso de Nova York, cuja Prefeitura anunciou no fim do ano passado a substituição de mais de oito mil telefones públicos por totens inteligentes, com telas sensíveis ao toque, conexão wi-fi gratuita e tomadas para carregamento de dispositivos móveis.

No exterior, a Qualcomm também investe fortemente no mercado de home networking — conexão de eletrodomésticos e sistemas residenciais (água, luz e aquecimento, por exemplo) à web. A empresa estima que já foram vendidos globalmente mais de 120 milhões de eletrodomésticos inteligentes equipados com seus chips. Além dos negócios de carros conectados, automação residencial e cidades inteligentes, a estratégia da Qualcomm para conquistar o mercado aberto pela Internet das Coisas inclui produtos e serviços na área de dispositivos vestíveis e saúde — a plataforma digital Qualcomm2net permite o monitoramento online, em tempo real, de pacientes com doenças crônicas.

Fundada em 1985, a Qualcomm detinha no ano passado uma fatia de 5,7% do mercado global de semicondutores, atrás apenas de Intel (15,4%) e Samsung (10,2%), de acordo com a consultoria Gartner. Em 2014, a receita da companhia nesse segmento somou US$ 19,3 bilhões, montante 12,1% superior ao obtido no ano anterior. Na comparação com 2013, o market share da companhia manteve-se praticamente inalterado, já que naquele ano sua participação de mercado estava em 5,5%.

Apesar de as três primeiras posições no ranking da Gartner terem se mantido na passagem de 2013 para 2014, a competição é acirrada nesse mercado. A americana Micron Techonology, por exemplo, desbancou a sul-coreana SK Hynix do quarto lugar no ano passado, ao ampliar o faturamento em 36,6% em relação a 2013.