04/06/07 10h54

Pujança insere enfim o Brasil no Bric, diz Young

Gazeta Mercantil - 04/06/2007

O Bric - sigla para designar países emergentes - deixou de ser uma figura abstrata. Com crescimento de 24,2% nas vendas de carros e comerciais leves nos cinco primeiros meses, o País acordou e entrou de vez no bloco que engloba ainda Rússia, Índia e China. A opinião é do presidente da GM no Brasil e Mercosul, Ray G. Young, impressionado com o crescimento vertiginoso do mercado interno. "É louco", diz num bom português o canadense, descendente de chineses. "Agora, temos um Bric de verdade". O presidente da GM diz que perde market share por não ter produção suficiente para atender a demanda. A GM tem mais encomendas do que produção. Diz que a melhora contínua nos métodos de produção nas fábricas de São José dos Campos, São Caetano do Sul (SP) e Gravataí (RS) trará ampliação da oferta e um pátio com 25 dias de estoque - desde dezembro de 2006 não há carro para mais de dez dias. Young diz que já examina a capacidade de seus fornecedores para atender produção cada vez maior. Afirmou que os produtores de autopeças terão de ampliar a capacidade sem pressionar preços, já que players globais que atuam no Brasil, como Delphi, Bosch e TRW, podem suprir as necessidades da indústria utilizando fábricas de outros países. Young considera que o mercado vai encerrar o ano com 18% de crescimento, mesmo com o segundo semestre tendo tradicionalmente ritmo mais forte de vendas que o primeiro. Ele diz que tem compromisso e orçamento com a matriz, em Detroit (EUA) para vender internamente 450 mil - meta já revista para 470 mil veículos. Somadas, as fábricas do Brasil (565 mil) e Argentina (115 mil) vão produzir neste ano 680 mil carros. A exportação da GM brasileira vai recuar para atender o mercado nacional - o que pode ser ruim, num futuro próximo para a indústria, caso o as vendas internas enfrentem problemas. Acostumado a lidar com números, herança de parte da sua carreira na empresa, na área de finanças, Young diz que já previa em janeiro deste ano um dólar chegando a R$ 1,80 no final de 2007. Para ele, haverá nos próximos anos a entrada de muito dinheiro - especulativo e de longo prazo - no mercado brasileiro, o que deve manter o câmbio ruim para exportação de carros.