27/09/19 13h55

Proposta de aeroporto é vista como saída para desindustrialização do ABC

Repórter Diário

A proposta de criação de um aeroporto no ABC é apontada como uma das soluções para garantir a manutenção da economia regional frente à desindustrialização. Estudo apresentado pelo pesquisador Volnei Gouveia, professor do curso de Ciências Aeronáuticas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), é abordado na 9ª Carta de Conjuntura do Observatório Econômico da universidade. Segundo o autor, a indústria da região pode crescer de 5 a 10 pontos percentuais com o empreendimento. O impacto financeiro para a região seria de R$ 1 bilhão durante a construção e R$ 700 milhões anuais com a operação e a manutenção, aponta o estudo.

A área sugerida para o aeroporto ficaria em São Bernardo, nas proximidades da rodovia dos Imigrantes. Segundo Gouveia o retorno econômico da implantação vai compensar os custos financeiros e os impactos em mobilidade e meio ambiente que a obra e a operação do aeroporto podem gerar. “Quanto ao meio ambiente, existem hoje muitas técnicas para minimizar os impactos, compensações, e consideramos no estudo a legislação estadual e o Plano Diretor de São Bernardo. Estamos no entorno da Imigrantes, com proximidade a Rodoanel, porto de Santos e futuro metrô, e vamos propor a extensão da futura linha até lá”, afirma.

O estudo identificou 18 setores econômicos que seriam beneficiados inicialmente com a construção e depois com a operação e a manutenção do empreendimento. Só durante a construção devem ser empregados 10 mil trabalhadores, sendo a construção civil, o transporte aéreo, o refino de petróleo e o comércio os maiores participantes. “Haverá ainda benefícios para operação e manutenção de hotéis e locação de veículos”, acredita.

Volney Gouveia aponta, ainda, outros investimentos que acontecem paralelamente ao aeroporto, como a instalação da SAAB, em São Bernardo, fabricante de componentes para caças, e o curso de ciências aeronáuticas da USCS. “Nossa preocupação é apresentar uma alternativa ao processo de desindustrialização do ABC. Estimamos melhorar de 5 a 10 pontos percentuais o papel da indústria na região com o desenvolvimento da indústria aérea e aeronáutica, então daí esses números têm nos motivado a estudar os impactos”, diz.

No dia 31 de outubro será realizado o seminário O ABC da Aviação, uma parceria da USCS com o Consórcio Intermunicipal. O local ainda não foi definido. A ideia é trazer os investidores, ver a participação dos municípios, enfim os atores para discutir os caminhos. “Podemos colocar o ABC, que é o quarto maior PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, no protagonismo econômico, falar da infraestrutura aeroportuária e colocar a região como um Vale do Silício da Aviação, como São José dos Campos, focado na indústria aeronáutica”, detalha o professor.