17/02/10 11h01

Projeto quer transformar país em centro financeiro da AL

Folha de S. Paulo

Governo e setor privado discutem mudanças nas regras cambiais, tributárias e de funcionamento dos mercados para tornar o Brasil referência financeira na América Latina. A ideia é que o país seja um centro regional, concentrando o fluxo de entrada e saída de recursos dessa região. Com isso, além de abrir capital das suas empresas na Bolsa brasileira para vender ações a investidores estrangeiros, os países vizinhos poderão, a partir do Brasil, distribuir suas aplicações nos mais variados tipos de mercado mundo afora.

A exemplo do caminho traçado por Madri, na Espanha, e Miami, nos EUA, São Paulo seria uma espécie de "hub" da América Latina (expressão usada para identificar aeroportos que são os principais centros de operações de voos comerciais), deixando para trás Santiago (Chile), que trabalha ideia semelhante na região. Além disso, com o projeto, pretende-se frear a ofensiva dos grandes líderes globais, como Nova York e Londres, que têm estratégias específicas para tentar levar empresas e operações fechadas no Brasil para suas praças.

O Brasil, há anos, resiste a negociar títulos da dívida pública interna em câmaras internacionais. O estrangeiro que compra esses papéis, seja indexado à taxa básica de juros, à variação da inflação ou a outro índice de preço, tem que ingressar com os recursos no país. A preocupação do governo nesse caso é justamente não segmentar demais os mercados, o que dispersaria a liquidez, em vez de concentrá-la.

O projeto brasileiro de criação do centro regional começou a ser desenhado há cerca de um ano na esfera privada e teve participação do governo (Fazenda, Banco Central, CVM, Banco do Brasil e BNDES). Depois da contratação de uma consultoria que identificou as vantagens e as desvantagens do Brasil, foi elaborada uma lista com dez prioridades para 2010.

O primeiro passo oficial será dado em 25 de março, com a criação de associação representativa de setores da sociedade que se encarregará de tirar o projeto do papel e começar a torná-lo realidade. Uma iniciativa da BM&FBovespa com associações dos bancos (Febraban) e do mercado financeiro e de capitais (Anbima).