17/08/23 14h25

Projeto de Valinhos será exportado para demais unidades Eaton no mundo

AutoData

Trabalho de eficiência energética estabelecido na fábrica da Eaton em Valinhos, SP, tornou-se referência para a companhia e deverá ser replicado em outras unidades ao redor do mundo. Trata-se de projeto de substituição do elemento interno dos fornos que traz a redução do consumo de energia, neste caso, de gás natural.

A partir de investimento de US$ 65 mil foi obtida a redução de gastos com energia de US$ 25 mil por ano e da emissão de 26 toneladas de gases de efeito estufa, o que significa a diminuição de 420 MWh por ano, capaz de abastecer 210 residências anualmente.

O elemento interno do forno era tradicionalmente composto por material refratário de tijolos isolantes, que foi substituído por material cerâmico refratário, informou Cristiane Mota, diretora de sustentabilidade, meio ambiente, saúde e segurança da Eaton:

“Com a evolução da engenharia de materiais estas placas permitem menor dissipação do calor para o ambiente. Ou seja: trata-se de iniciativa simples baseada na evolução de materiais. Se eu não perco energia por calor para o ambiente tenho maior eficiência enérgica e não consumo mais energia elétrica.”

A partir do momento em que o processo substituiu atmosfera endotérmica e passou a operar com atmosfera inerte à base de nitrogênio houve redução dos tempos de setup e dos procedimentos de verificação de segurança para partida e corretivas. Foi verificada redução de 10 toneladas métricas por ano de emissão de gases de efeito estufa. E houve o aumento da segurança de operação.

O projeto já foi apresentado em estudo global de tratamento térmico da Eaton como trabalho de referência e de transferência de boas práticas e eficiência energética: “A ideia é que ele seja transferido para outras unidades no mundo”.

Reduzir o volume de resíduos e reaproveitá-los

Objetivo ambicioso para as operações no Brasil é garantir que 100% da manufatura não produza resíduo industrial nos aterros sanitários. O projeto teve início em 2019 e chegou à última unidade produtiva em abril de 2022.

Mesmo após a certificação o pessoal de manufatura continua se desafiando em manter melhoria contínua neste processo. Isso porque a certificação zero resíduos enviados para aterro sanitário requer destinação inferior a 2%. Em janeiro, comparando com os doze meses anteriores, a companhia destinou 0,68% de resíduos para aterro. Os demais resíduos, 99,32%, foram reciclados e reutilizados em processos que possuem recuperação energética.

Comparando o volume total de resíduos das quatro fábricas da Eaton no Brasil enviados para aterro em 2022, frente ao ano anterior, houve redução de 34%, o equivalente a 64 toneladas por ano. Com relação a 2019, quando tiveram início as iniciativas de aterro zero, a diminuição atingiu 57% ou 160 toneladas anuais.

“Destinamos os resíduos a processos mais sustentáveis, pois queremos que eles cumpram ciclo do berço ao berço e não mais do berço ao túmulo.”

São exemplos a compostagem, no caso de matéria orgânica, o coprocessamento, em que os resíduos são utilizados para gerar energia para a área de cimenteiras, e o trabalho conjunto com cooperativas para que seja feita a reciclagem.

No caso de sucatas metálicas os cortes e os resíduos das aparas voltam para as siderúrgicas para que possam compor novas matérias-primas, eliminando, assim, o aterro. Mota relata que a companhia também possui o objetivo de reduzir o volume de aparas metálicas pois, ainda que elas voltem às siderúrgicas, trata-se de processo que consome energia:

“Estamos engajando nossas engenharias de produto e manufaturas para pensar qual é a maneira de forjar, como podemos desenhar as peças para que a sucata metálica diminua. Qual o melhor aproveitamento dessa matéria-prima? Precisamos convidar essas áreas de expertise para fazer esse trabalho”.

A executiva observou que processos sustentáveis precisam de parceiros, o que significa, internamente, o esforço de influenciar terceiros que trabalham junto com a atividade fabril, como empresas de refeitório e de limpeza, para aderirem à coleta seletiva “porque, a partir do momento em que contamino materiais com óleo, não posso destinar à compostagem, por exemplo: preciso dar outra finalidade”.

Água de reuso em 100% dos sanitários

Desde 2021 a Eaton está desenvolvendo e ampliando projetos de reuso de água. Um dos mais abrangentes nas fábricas da companhia é o projeto de água de reuso na rede de sanitários e mictório, relatou Cristiane Mota.

“Como demonstrou ser projeto viável pode ser replicado para outras plantas. A ideia é avançar com esta proposta para que 100% de vestiários e banheiros tenham o reuso.”

Outra iniciativa está na planta de Valinhos, SP, e leva água de reuso para as torres de resfriamento de processos industriais, uma das áreas que mais consome o recurso natural. Para levar água para a torre de resfriamento é preciso sistema específico de osmose reversa. Para ampliar sua adesão, no entanto, demora um pouco mais de tempo, segundo Mota: “O caminhar não é lento, mas a cada passo que se dá requer planejamento e validação técnica e operacional”.

Na mesma unidade a água de reuso já está presente em algumas áreas administrativas, onde trabalham 1,5 mil profissionais. A executiva notou que todas as fábricas possuem projetos de reuso em curso e que a de Mogi Mirim, SP, é a única que capta água da chuva. Nas demais a água é proveniente das estações de tratamento que provêm água de reuso desde 2021 e que, em vez de lançá-la em córregos ou rios, faz com que retorne ao sistema.

Mota assinalou que, apesar de reutilizar a água, nem todas as iniciativas têm retorno do investimento. No caso da Eaton a água é extraída de poços artesianos outorgados, em que o valor é muito menor do que se fosse consumida de companhias do ramo. O reuso, portanto, não tem diferença significativa.

“A opção da empresa é para contribuir com a redução do consumo, até porque passamos por problemas de estiagem. É utópico o que vou dizer mas o objetivo é que tenhamos um circuito fechado, sem perdas de água. Hoje isso é inviável porque a água se deteriora. Tem seu limite de uso. Mas este é o ideal.”

 

Fonte: https://www.autodata.com.br/noticias/2023/08/16/projeto-de-valinhos-sera-exportado-para-demais-unidades-eaton-no-mundo/60400/