13/06/11 14h19

Profissionalizada, festa infantil deve faturar US$ 625 milhões

Folha de S. Paulo

O pula-pula e a piscina de bolinhas deram lugar a montanha-russa e cinema 4D (no qual cadeiras se mexem), em festas que custam, em média, de R$ 3 mil a R$ 15 mil (US$ 1,9 mil a US$ 9,4 mil). Profissionalizada, a indústria de festa infantil tem crescido 30% ao ano e, em 2011, os cerca de 4.000 bufês no país devem ultrapassar o R$ 1 bilhão (US$ 625 milhões) em faturamento. Há os "culpados" usuais: melhora da renda, ascensão da classe C, alta do consumo. "Mas, sobretudo, o bufê infantil tem se mostrado uma boa oportunidade de negócio", afirma Marcelo Golfieri, 41, dono da Catavento, rede de cinco bufês em São Paulo que vai inaugurar a primeira loja franqueada do setor. Segundo o Sebrae-SP, a lucratividade média (lucro sobre venda) dos bufês é de 28%; em restaurantes, 17%. Para suprir a demanda de profissionalização do setor, Golfieri fundou em São Caetano do Sul uma escola especializada em formar profissionais para bufês infantis (de garçons a gerentes), a Universidade da Diversão. O empresário também aproveitou a chance para abrir fábrica de brinquedos adaptados para essas casas.

Uma das clientes foi Bruna Borges, 29. Em 2010, ela fez a festa de quatro anos do seu primogênito em um bufê. "Nem pensava em gastar tanto. Mas a gente vai conhecendo as coisas e vai querendo melhorar a festa cada vez mais. A princípio, ficaria em R$ 10 mil (US$ 6,3 mil). Gastei R$ 55 mil (US$ 34,4 mil)." Um ano depois, a festa pode ser vista como investimento inicial. Com R$ 500 mil (US$ 312,5 mil), montou seu próprio bufê em Brasília, onde mora. "Fui conhecendo o mercado e me identificando com o ramo." A festa de um ano da sua filha caçula será neste mês. "Vai sair mais bonita e mais barata. Uns R$ 30 mil (US$ 18,8 mil)." Segundo o diretor da Assebi (entidade que congrega os bufês infantis) Adriano Chiofalo, R$ 500 mil (US$ 312,5 mil) é o "investimento mínimo para garantir a competitividade". "Mas o retorno do capital investido é razoavelmente rápido, em dois anos", afirma. Na Grande São Paulo, o número de bufês hoje chega a mil, o dobro de 2005. Chiofalo estima que dois terços dos bufês em São Paulo sejam de médio porte (até 650 m2, para 150 convidados) e tenham faturamento médio de R$ 60 mil (US$ 37,5 mil) ao mês.

Com o nascimento da filha Ana, 2, Tatiana Lemos, 32, foi apresentada aos balões, frufrus e brigadeiros de colher das festas infantis. A fim de largar o emprego de funcionária pública, montou um serviço de festa em domicílio. O segmento é um dos que mais crescem e deve movimentar cerca de R$ 300 milhões (US$ 187,5 milhões) no ano, segundo a Universidade da Diversão. "O mercado está favorável para ele. A classe média ascendeu, as pessoas moram em casas próprias, os condomínios têm mais estrutura", diz Chiofalo, da Assebi. Em um ano, Lemos já recebe dez pedidos de orçamento ao dia e faz oito festas ao mês (média de R$ 5.500 / US$ 3.438 para 50 pessoas, sem salgados nem bebidas). Sua dúvida é se contrata ou não mais gente para dar conta da demanda, estimulada pelo boca a boca. A ideia é uma festa sem "cara de bufê", como decoração feita à mão e brinquedos educativos. "Estou amando esse trabalho."