08/06/10 10h14

Produtores rurais terão US$ 55,6 bi na próxima safra

Folha de S. Paulo

Para tentar acompanhar o crescimento da produção nacional de alimentos, os produtores rurais terão R$ 100 bilhões (US$ 55,6 bilhões) em crédito para custeio e investimentos na próxima safra. Parte desses recursos será destinada ao financiamento de práticas sustentáveis no campo. O Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011, lançado ontem pelo governo, traz um volume recorde de recursos para o setor, que, quando somado aos valores disponibilizados para a agricultura familiar, totalizam R$ 116 bilhões (US$ 64,4 bilhões). Na safra passada, o total do crédito agrícola foi de R$ 107,5 bilhões (US$ 59,7 bilhões). "Vamos atingir esse numero cabalístico e global de R$ 100 bilhões (US$ 55,6 bilhões), que é dinheiro grosso em qualquer país do mundo", disse o ministro Wagner Rossi (Agricultura).

No lançamento do plano, o presidente Lula disse que o sucesso internacional do setor se deve ao empenho do governo em defender os interesses do país no exterior. Ele destacou o fato de os produtores de etanol contarem com R$ 2,4 bilhões (US$ 1,3 bilhão) dos recursos do Plano Safra para investimentos em estocagem de álcool, em uma linha de crédito operada pelo BNDES com juros de 9% ao ano. Segundo Rossi, os recursos a juros menores para o setor sucroalcooleiro devem contribuir para diminuir as oscilações de preço do produto nas bombas dos postos.

Entre os destaques do plano está a criação do programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), com aplicação de R$ 2 bilhões (US$ 1,1 bilhão) dos recursos anunciados na recuperação de áreas degradadas, plantio de florestas e outras medidas de integração da produção de maneira sustentável. O programa prevê a redução de emissões de até 176 milhões de toneladas de CO2 até 2020. No entanto, para o professor Luiz Antônio Pinasa, do Centro de Agronegócio da FGV, o volume recorde de crédito para o setor nesta safra não necessariamente será convertido em maior renda para empresários e famílias do campo. "O total disponibilizado no ano passado nem sequer foi aplicado, porque depois da crise os bancos ficaram muito mais rigorosos e boa parte dos agricultores ainda está endividada", avalia.