16/05/23 12h12

Produtores e agroindústria avaliam mercado forte para o frango

Apesar dos desafios com a alta de insumos dos últimos anos e a preocupação com a influenza aviária em vários países, produtores e agroindústria avaliam mercado forte para o frango de corte

Diário da Região

Estimativa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) aponta que a avicultura brasileira assumiu o segundo lugar entre os maiores produtores mundiais de carne de frango, com 14,5 milhões de toneladas produzidas em 2022. A perspectiva do setor para este ano, de acordo com a ABPA, é de alcançar a produção de 15 milhões de toneladas com a avicultura de corte.

Na avaliação dos produtores e de frigorífico da região de Rio Preto, o mercado de exportação está aquecido e o custo de produção se estabilizou no primeiro trimestre de 2023. Os custos menores com os insumos, como a ração a base de milho, e a energia elétrica, aliviaram os impactos de elevada alta do custo de produção da avicultura.

Em exportações, o mercado da produção de aves também apresentou bons resultados. Segundo a ABPA, no ano passado os embarques brasileiros resultaram em 4,8 milhões de toneladas e US$ 9,7 bilhões de receita para o Brasil. “As empresas se mantiveram resilientes em meio à crise que alcançou o setor nos últimos dois anos e conseguiram avançar significativamente. No mercado internacional, ampliamos a nossa presença”, avalia Ricardo Santin, presidente da ABPA.

“A exportação aumentou, mas a venda no varejo ainda não está tão boa. O cenário de quem produz o frango ainda tem que melhorar”, comenta Bruno Santana Barreto, diretor do frigorífico Confina, localizado em Poloni, na região do Noroeste Paulista. Ele diz ainda que um melhor cenário de mercado dependerá do poder de compra da população, que está abaixo das expectativas.

Segundo semestre

Bruno analisa que para o segundo semestre deste ano as perspectivas com a produção de frango sejam impulsionadas pelas vendas mais aquecidas no mercado interno. “Os insumos tiveram custos menores, o que nos deu uma margem para trabalhar. É que nós tivemos muito tempo no vermelho, mas avaliamos que agora, no mês de maio, fecharemos o mês com perspectivas melhores de mercado”, afirma.

A produção elevada de milho e soja projetada para a safra brasileira de grãos neste ano, segundo Bruno, também deve contribuir para não impactar os custos com a avicultura de corte. Geralmente, um dos maiores custos com a produção de aves é com a alimentação dos animais, entre eles o milho, principalmente, que vinha de preços muito altos.

Para o presidente da ABPA, Ricardo Santin, o destaque da produção de aves é o mercado interno. “Destacamos que dessa produção, 67% são destinadas ao País.

Atualmente, a carne de frango é a proteína animal mais consumida pelos brasileiros, com índices de consumo per capita acima de 45 quilos anuais”, ressalta Santin.

Avicultores têm mantido as estruturas das instalações de aves com investimentos que propiciam maior produtividade. Segundo os produtores, o mercado aquecido e a demanda pelo produto contribuem para que eles façam alguns investimentos nos aviários. Entre eles a aquisição de placas solares e os aquecedores elétricos para os pintinhos, que necessitam de ambiente mais aquecido nos primeiros meses de vida.

O produtor Murilo Gil diz que, atualmente, pelo menos 50% dos aviários da região de Rio Preto investiram em energia solar para reduzir custos com a conta de energia elétrica. “Fiz investimento de R$ 300 mil em placas de energia fotovoltaica, que é um caminho sem volta para quem trabalha com avicultura”.

Outro investimento do setor é um equipamento elétrico que contribui para o aquecimento do forno no aviário e beneficia a produção de aves com o menor uso de pellet ou lenha.

O produtor Renato Martins comprou o equipamento e aposta que o investimento contribui com redução de custos com o aquecimento, tão importante no momento em que os pintinhos são alojados nas granjas. “Além de economizar com o pellet, é uma forma mais sustentável para a produção de aves, impactando menos o meio ambiente”, afirma Renato. (CC)

Tendência estável para o produtor

De acordo com a Defesa Agropecuária de Rio Preto, a região (total de 24 municípios) possui 200 estabelecimentos avícolas para produção de frango de corte, com capacidade de alojamento de 18 milhões de aves. Produtores afirmam que o mercado vem se mantendo estável, apesar dos desafios com custos de produção.

“Há muito desafios no mercado que comercializa o frango”, pontua o avicultor Fábio Berti, que atua em Tanabi com sete aviários. Ele explica que desde o ano passado muitos países tiveram problemas de contaminações com a doença, também conhecida como gripe aviária, e que causa a morte de frangos.

Ontem, o país registrou o primeiro caso de influenza aviária H5N1 neste ano, em duas aves silvestres no Espírito Santo. De acordo com o Ministério da Agricultura, a questão não afetou o status de país livre de influenza aviária de alta patogenicidade.

Berti avalia ainda que o valor pago ao produtor está estável. “Como trabalhamos com integração com o frigorífico, a ração das aves já está incluída nesta parceria. Então com relação a esse custo não nos impactou tanto. Mas o custo com o pellet (material usado para o aquecimento das aves), por exemplo, continua alto”, conta o produtor.

Renato Martins, que possui dez aviários em Onda Verde, também diz que o custo de produção não teve maiores oscilações neste ano para o produtor como ele, que trabalha com a integração entre granja e agroindústria. Para o avicultor, o tempo menor do alojamento das aves se torna um indicador de maior demanda pela carne de frango no mercado. (CC)

 

Fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/produtores-e-agroindustria-avaliam-mercado-forte-para-o-frango-1.1237270