Produtores do Noroeste paulista investem no milho verde
Um dos principais grãos produzidos no Brasil - com três safras anuais - o milho, além da produção do “grão duro”, como denominam os próprios produtores, tem características diferenciadas para o cereal que chega embalado nas prateleiras dos supermercados
Diário da RegiãoCereal muito nutritivo e queridinho do consumidor brasileiro, o milho verde ainda rende alternativas de mercado para os produtores rurais que conseguem cultivá-lo em lavouras, anualmente, no País. Um dos principais grãos produzidos no Brasil - com três safras anuais - o milho, além da produção do “grão duro”, como denominam os próprios produtores, tem características diferenciadas para o cereal que chega embalado nas prateleiras dos supermercados.
No Noroeste paulista, produtores de milho verde afirmam que conseguem rentabilidade com a espiga para o consumo e também no aproveitamento das plantas para a silagem animal. De acordo com especialista, o produtor de milho verde precisa de alguns requisitos importantes para o cultivo do cereal, como por exemplo, manter o sistema de irrigação nas lavouras e ter agilidade para a colheita.
“São materiais diferenciados para o plantio do milho verde, como a espiga que não pode ter a casca grossa, os grãos não devem ser duros e os produtores precisam abastecer o mercado com certa agilidade para manter o tempo do produto nas prateleiras”, diz Aildson Pereira Duarte, pesquisador científico do Instituto Agronômico (IAC).
O pesquisador explica que o produtor de milho verde precisa estar preparado e não pensar em rentabilidade apenas em épocas favoráveis para o plantio. “É uma questão comercial para esse nicho de mercado, do milho que será consumido pela população, por isso o agricultor precisa ter uma sincronia com o mercado”. Geralmente, segundo Aildson, o processamento e armazenamento do milho verde exigem cuidados para manter o cereal próprio para o consumo (que tem validade, geralmente de sete dias).
Materiais genéticos
Para o plantio do milho verde, o pesquisador afirma que ainda não existem muitos materiais geneticamente melhorados para a produção. “Ainda faltam opções de sementes e materiais para esse mercado. Porém, o Instituto Agronômico vem pesquisando novas cultivares para o plantio de milho verde, com novos lançamentos”, diz Aildson. Atualmente, a demanda de grãos duros é maior, o que contribui para poucos lançamentos de cultivares de milho verde, já que a demanda deste setor é menor.
Ele considera a produção de milho verde um mercado interessante para pequenos e médios produtores rurais. “Na lavoura do cereal que é consumido naturalmente, o produtor prioriza as melhores espigas e as que não são adequadas, aquela espiga de milho verde que não está dentro do padrão para o mercado consumidor, fica na plantação, para depois o produtor colher para a silagem”.
Atualmente, o pesquisador comenta que existe disponível para o produtor uma variedade de milho verde que tem custo mais baixo. “Temos a cultivar cativerde, que é disponibilizada nas Casas da Agricultura pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo. É uma variedade híbrida desenvolvida pelo IAC para a produção de milho verde”, afirma.
Delícias de milho verde
Tradição de muitos agricultores brasileiros, o milho verde colhido no campo envolvia a família toda para o preparo da pamonha, uma iguaria muito típica do Brasil. Na família do produtor Milton Roberto Perozim, por exemplo, a tradicional guloseima sempre foi motivo de festa, e a receita da pamonha de família deu origem ao negócio que ele mantém atualmente, além de plantar o milho verde.
Milton cultiva milho verde em Cedral, em área irrigada e com colheitas semanais. “É um ciclo bem rápido o do milho verde, entre 75 e 80 dias. E o interessante, é que o milho que não dá espiga, é feita a silagem, o que agrega valor no negócio”, ressalta. A colheita, entre 80 a 100 sacos de milho (com 60 espigas), por semana, é destinada para o preparo da pamonha, do curau e do bolo, guloseimas comercializadas pela família do produtor.
A pamonha, conforme o produtor, a mais procurada nas feiras livres de Rio Preto, onde Milton comercializa os produtos feitos com o milho verde. “É uma pamonha pura, o mais natural possível que mantemos do alimento e faz muito sucesso entre os clientes”, conta Milton, que comercializa uma média de 250 pamonhas nos finais de semana e 150 em outros dias da semana. (CC)
Colheita em parceria na região
Produtores de milho verde plantam o grão, semanalmente, sendo que a colheita e a venda do produto são feitas através de parcerias com os compradores, na região de Rio Preto. Em áreas de cultivo do produtor Marco Ayres, de Nova Aliança, diariamente são colhidas entre oito e dez toneladas de milho verde. “Hoje o milho verde gera emprego para muitas pessoas, desde para quem planta até chegar ao consumidor final. São vários processos que garantem renda e emprego com o cereal”, conta Marco.
As áreas de plantio de Marco são todas irrigadas para o cultivo do milho, que é uma planta exigente em recurso hídrico e, ainda, para o bom desenvolvimento dos grãos. Ele conta que a parceria funciona muito bem na região, já que os compradores fazem a colheita das espigas de milho verde e o restante o produtor aproveita para ter rentabilidade com a silagem, que é um alimento destinado aos animais.
Em Jaci, Paulo Roberto Castiglieri tem plantio de milho verde e uma empresa que faz o processamento do alimento que chega aos supermercados. São cerca de 50 toneladas colhidas de espigas de milho verde, semanalmente, para serem embaladas e abastecer o mercado da região de Rio Preto. “Hoje nós temos mais áreas em parcerias, que são colhidas dos produtores da região, do que áreas próprias em nossas propriedades.
Paulo conta ainda que quando a demanda pelo milho verde é maior, ele precisa buscar o cereal em regiões que são grandes produtoras das espigas, como no município paulista de Guaíra e até no estado de Goiás. “Trabalho há 40 anos na produção de milho verde e já tivemos maior rentabilidade, com margem de lucro de até 100%. Atualmente o mercado está mais difícil, mas ainda é rentável”, acrescenta.