12/06/23 15h17

Produtores do Noroeste paulista apostam no sistema agroflorestal

Produtores da região Noroeste paulista apostam na combinação de culturas de maneira sustentável

Diário da Região

Em um sistema agroflorestal, aliado importante na conservação do solo e de plantios mais sustentáveis, produtores têm apostado no consórcio com árvores nativas no Noroeste paulista. A produção das culturas tem forte potencial para gerar renda, como o cacau – mais recente na região – e outras mais tradicionais, como o café.

Segundo o agrônomo Andrey Vetorelli Borges, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), os consórcios agroflorestais têm vários benefícios, entre eles o da diversificação e o de tornar as propriedades mais produtivas. “Com o plantio de cacau temos esse enfoque mais sustentável em consórcio com as seringueiras, bananeiras e ainda com o cultivo de árvores madeiráveis que fazem o quebra-vento (espécie de eucaliptos) de proteção das plantações”.

Os estudos apontam que o cacau e a seringueira, cultivados em regiões de mata atlântica, são árvores que tem potencial produtivo entre 35 anos (cacau) e 50 anos (seringueira). “Esse sistema agroflorestal traz ainda a conservação do solo e o produtor diversifica as culturas. E no aspecto social, gera emprego e condições dignas de trabalho na fazenda”, afirma Andrey.

Mais de 20 produtores investiram na produção de cacau entre plantios de 250 hectares no Noroeste Paulista, com o cultivo de cerca de 200 mil plantas. A maioria optou pelo cacau por já ter a produção de seringueiras e por contar com parcerias com a agroindústria para o processamento da amêndoa que resulta no chocolate.

O produtor André Seixas investiu na produção de mudas de cacau, além de cultivar a seringueira. “A vantagem do sistema agroflorestal, com a produção de cacau e de seringueira, é a diversificação de culturas e da receita”.

André afirma ainda que tanto o cacau quanto a seringueira demandam mão de obra especializada, e com a diversificação que inclui a produção de banana, o produtor diminui o risco de baixa lucratividade. “Neste momento estamos com preços muito ruins pagos pela borracha natural e o cacau suportaria grande parte das despesas da propriedade”.

Café

No sítio Santa Gertrudes, em Ipiguá, a agrônoma e agricultora Clélia Mardegan investiu no cultivo de hortaliças e legumes orgânicos. “Agora resolvi empreender em outra área, a do café, que já venho plantando, e no cacau, que vejo um futuro muito interessante para a nossa região”, conta Clélia.

Clélia pretende investir no plantio agroflorestal, com as bananas que já produz no sítio, o café, e agora plantou uma área com 30 mudas de cacau. “Pretendo ainda cultivar árvores de baru e de macadâmia que vão compor a floresta e fazer o sombreamento das outras culturas”.

Sistema sustentável

A pesquisadora Maria Teresa Vilela Abdo, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Apta Regional), de Pindorama, explica que o sistema agroflorestal inclui árvores ou arbustos junto com outras culturas agrícolas. “A importância desse sistema, entre outros, é o de ser mais sustentável, como o sequestro de carbono, que é um aliado ao meio ambiente”, ressalta.

Outra vantagem do modelo é a produção diversificada como a de cacau e seringueiras, que pode ocorrer o ano todo. Com isso, a fauna fica mais interligada entre as propriedades, atraindo pássaros e abelhas que fazem a polinização, importante para o produtor. (CC)

 

Fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/produtores-do-noroeste-paulista-apostam-no-sistema-agroflorestal-1.1244172