Produtores da região Noroeste paulista se animam com a safra de abacaxi
Produção brasileira é a segunda maior do mundo e gera rentabilidade; com a chegada do verão e das festas de fim de ano, fruta reina
Diário da RegiãoNão à toa que o abacaxi é conhecido como a fruta-coroa, com reinado consagrado desde a época em que era servido pela realeza aos visitantes que chegavam ao Brasil, segundo a história dessa fruta tropical originária da Amazônia. O abacaxi tem contribuído com o montante de R$ 2,22 bilhões para o PIB agrícola. Segundo o IBGE, atualmente a produção é absorvida quase em sua totalidade pelo mercado interno.
No Noroeste paulista, produtores estão animados com a produção de abacaxi, que pode ser cultivado em pequenas áreas e com excelente produtividade. É o que diz Antônio Avelino Loureiro Martins, o Tato, de Potirendaba, que pretende ampliar o negócio com o plantio do abacaxi da variedade pérola, e ainda com uma marca própria para comercializar os frutos para a indústria e para o mercado de frutas de mesa.
Tato costuma plantar entre 150 mil a 250 mil plantas, priorizando a variedade pérola, que segundo ele, é a preferida do consumidor brasileiro. No ano passado, ele colheu volume de 100 mil frutos. Na safra deste ano, deve ampliar para 200 mil frutos. “Estou preparando a colheita para mais perto do Natal para abastecer o mercado que tem demanda maior nesta época das festas do final do ano”, afirma.
O produtor diz também que a planta produz apenas um abacaxi, e por isso deve manter um bom manejo, com muita adubação para conseguir colher o ano todo. “De um total de 160 mil plantas de abacaxi que cultivei em 2022, colhi 100 mil frutas. Sempre tem uma perda de 30%”.
No ano passado o abacaxi estava sendo comercializado, conforme o produtor, entre R$ 1,50 e R$ 2, o que resultou em pouca rentabilidade com a fruta. Porém, em 2023 os preços estão mais interessantes, entre R$ 4 e R$ 4,50, cada fruto da variedade pérola.
Desafios
O agrônomo da Casa da Agricultura de Lavínia Gilberto Massami Watanabe explica que os desafios que o produtor enfrenta com o posicionamento da fruta entre o campo e o mercado, são vários. “Tem a logística para o transporte e o intermediário, aquele comprador que comercializa o abacaxi com o produtor. Dificilmente o próprio produtor consegue encaixar os frutos em supermercados, por isso o lucro cai um pouco”.
Na safra de 2023, Gilberto destaca que o clima foi favorável, com chuvas que contribuíram para a produção do abacaxi, diferentemente dos anos anteriores, em que a seca e a geada causaram prejuízos para a cultura. “Os preços pagos aos produtores estão melhores neste ano, mas encareceram para o consumidor no supermercado”, pontua.
Aumentar a produtividade
Nos pomares de Shigueru Ono, em Lavínia, a ideia é produzir em áreas menores e ganhar em produtividade. “Minha meta é produzir 80 toneladas de abacaxi por hectare. Ainda vou chegar nesta marca para ficar tranquilo em termos de rentabilidade”.
No ano passado, com as dificuldades do clima, Shigueru colheu entre 20 a 30 toneladas do abacaxi da variedade havai ou havaiano. Nesta colheita, ele diz que deverão ser colhidas 60 toneladas. “O abacaxi é uma excelente atividade da fruticultura e tem um mercado muito bom para as indústrias, que fazem processamento da polpa para suco ou de doces, e também para o consumo natural”.
Em Guaraçaí, considerada a capital do abacaxi, o agricultor Shoji Korin cultiva 60 mil plantas da fruta. Ele diz que o abacaxi é colhido o ano todo e que o ciclo da cultura é demorado, podendo chegar a 15 meses para o ponto de colheita. “Em dias mais frios a colheita diminui um pouco, mas o abacaxi é cultura para o ano todo”.
Como a cultura é de ciclo mais longo, Korin comenta que o custo de produção para os agricultores é alto, sendo necessário um manejo com muitas pulverizações de defensivos e adubação, que acabam elevando os gastos com o cultivo do abacaxi.