Produtores da região de Rio Preto se animam com a safra do amendoim
Safra deste ano no Noroeste paulista tem perspectiva melhor, com mercado estável e clima que contribui para a colheita prevista para os próximos dias
Diário da RegiãoBoas perspectivas impulsionam a safra do amendoim neste ano e animam os produtores do Noroeste Paulista em relação ao desenvolvimento das lavouras da safra anterior. É que o impacto na safra passada foi grande para o setor, com as exportações paralisadas e a maior oferta do produto no mercado interno. Para este ano, produtores e cerealistas estão prevendo maior estabilidade para o amendoim comercializado e clima favorável para as plantações.
“No ano passado, os preços despencaram, havia muita oferta do amendoim no mercado e a produtividade da lavoura, devido ao clima, não foi tão interessante”, conta o produtor Lucas Penariol Agostinho. Ele lembra que a guerra do Leste Europeu provocou a suspensão das exportações, o que resultou nos preços baixos pagos para o produtor de amendoim no Brasil.
Para a safra deste ano, as perspectivas estão mais propícias para os produtores que plantaram o grão em setembro do ano passado. Lucas analisa que as áreas de plantio na região devem diminuir. “Acredito que a diminuição de área pode chegar a 20%. Porém, a produtividade do amendoim será melhor neste ano, já que não faltou chuva no plantio”, afirma.
Na previsão do produtor Raul Janini, há dois aspectos positivos até o momento para a cultura do amendoim: o clima está mais propício, com a chuva que chegou à época do plantio, e o produtor voltou a ter um preço melhor pago pela saca (25 kg) do amendoim nesta safra. “É um ano em que a gente costuma dizer que é de safra cheia”, avalia o produtor.
Demanda cresce
Raul explica que as áreas de plantio do amendoim que cultiva tiveram uma diminuição de 30% na safra 2022-2023. O produtor, assim como grande parte dos agricultores de amendoim no Noroeste Paulista, planta o grão na rotação de cultura com a cana-de-açúcar, quando ocorre a reforma dos canaviais.
Embora exista a perspectiva de menos áreas de plantio em toda a região, Raul lembra que a demanda pelo produto deve ser maior neste ano, com as exportações se normalizando, e com menos oferta, os produtores podem ter lucratividade maior com o amendoim. “O preço pago na roça fica mais competitivo”, destaca, ao comentar que na safra passada a saca chegou a ser comercializada por R$ 50 e hoje atinge preços de R$ 90.
Os produtores avaliaram também que a produtividade maior esperada para a safra deste ano favorece a qualidade do amendoim colhido e, consequentemente, os preços pagos pela indústria. “O clima ajudou, apesar que no mês de novembro do ano passado o tempo seco preocupou um pouco”, comenta Raul.
Nas plantações do produtor Lucas Penariol, a estiagem também prejudicou parte da plantação. “Quando estava florescendo a planta do amendoim, a seca prejudicou um pouco o desenvolvimento da lavoura. Mas conseguimos recuperar logo, e agora está chovendo bastante”, ressalta.
Cerealista tem estoque baixo
Em Neves Paulista, o produtor e cerealista Marcos Garcia estima que a safra de amendoim seja de boa perspectiva para o ano de 2023. Segundo Marcos, a capacidade média do armazém cerealista, de 1 milhão de sacos de amendoim (25 mil toneladas do produto) que ele mantém anualmente, está praticamente zerado. “Na safra passada houve um acúmulo de estoque, já que as exportações estavam suspensas”.
Marcos lembra que a situação dos estoques baixos acontece em todo País e as indústrias dependem da safra deste ano para a compra do amendoim. “Agora passou o susto que tivemos no ano passado, já que 40% da produção brasileira de amendoim são destinadas para as exportações”, pontua.
Os preços dos fretes marítimos, no ano passado, também estavam inviabilizando os embarques do amendoim. Já em 2023, Marcos afirma que os preços diminuíram um pouco, sinalizando mais embarques do produto para outros países. Ele comenta ainda que o produtor de amendoim está mais seguro com a safra deste ano. (CC)
Eventos marcam colheita
Estão programados dois eventos para receber produtores, empresas e especialistas em amendoim, que devem marcar o início da colheita no Noroeste do estado de São Paulo. Tecnologias de manejo do grão, variedades de amendoim e produtos que envolvem o manejo no campo estarão na programação voltada para a cultura do amendoim.
De acordo com o produtor e organizador de um dos eventos, Lucas Penariol Agostinho, no dia 26 de janeiro, a expectativa é de receber 800 pessoas para o Dia de Campo, a partir das 8h, na fazenda Santa Helena, em Getulina. “É a primeira vez que a turma do amendoim (grupo formado por produtores) terá um evento com a participação de pesquisadores e várias empresas do setor”, diz Lucas.
Estão confirmadas as palestras com Luiz Antônio Vizeu, presidente da Câmara Setorial do amendoim, no estado de São Paulo; do consultor em agronegócios, Pedro Faria Júnior; e de Carlos Felipe Cordeiro, que vai abordar o tema Fertilidade e Nutrição. Lucas deve receber ainda 56 empresas ligadas ao setor da cadeia produtiva do amendoim.
Outro evento que impulsiona a safra do amendoim, dando início à colheita da leguminosa, será realizado em Pindorama, na fazenda experimental da Agência Paulista dos Agronegócios (Apta). Programado para o dia 23 de fevereiro, o Dia de Campo já tem tradição na região do Noroeste Paulista, organizado pelos pesquisadores da Secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento.
O pesquisador Marcos Michelotto, da Apta de Pindorama, destaca que o evento deverá receber 80 produtores de amendoim, que poderão conhecer os experimentos com a leguminosa. “Algumas variedades novas já estão no mercado, e temos outros estudos de cultivares a serem lançadas. São tecnologias em que o produtor pode obter maior produtividade e também diminuir o uso de fungicidas na lavoura”, afirma Marcos.