17/04/23 15h13

Produtores apostam na diversificação das lavouras com variedades como o tomatinho grape

Entre as estratégias de investimentos, produtores cultivam o fruto em estufa e diversificam as variedades entre os mais comuns - longa vida ou salada -, para os conhecidos como “tomatinho grape”, uma tendência gastronômica que conquistou o consumidor bras

Diário da Região

Segunda maior colheita do Brasil, a produção de tomate de mesa no estado de São Paulo vem ganhando novos investimentos de produtores da região Noroeste. Entre as estratégias de investimentos, produtores cultivam o fruto em estufa e diversificam as variedades entre os mais comuns - longa vida ou salada -, para os conhecidos como “tomatinho grape”, uma tendência gastronômica que conquistou o consumidor brasileiro.

De acordo com levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a cultura do tomate envarado (mesa), destinado ao consumo in natura, tem produção prevista, na safra 2022-2023, em 400,2 mil toneladas, cultivados em 5,1 mil hectares de lavoura no estado paulista. O estado de Goiás representa a principal produção de tomate no País, seguido pelos estados de São Paulo e de Minas Gerais, na estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na região de Rio Preto, o produtor Rafael Martins investiu no tomate grape, apostando em uma tendência do consumidor para um produto que está muito associado ao sabor adocicado do fruto.

“O tomate grape, que é aquele de tamanho pequeno, tem uma aceitação maior de mercado. Além disso, para o produtor, o preço médio oscila menos quando comparado com o tomate saladete ou italiano, as variedades de tamanhos maiores. Hoje, o grape tem preço médio entre R$ 9 e R$ 16 o quilo, no campo”, afirma.

Rafael conta que investiu no tomate da variedade sweet grape (uva doce em tradução livre e de formato parecido com a uva), que possui uma tecnologia em melhoramento genético e de mais resistência às doenças. O ciclo dura em média seis meses e a produção de 1,0 mil plantas tem sistema de manejo em estufa, no cultivo de Rafael.

Mercado promissor

O produtor Mateus Lot Sanches considera promissor o mercado para o tomate grape, com boa rentabilidade para quem cultiva a hortaliça. Em sistema de plantio envarado, Mateus investiu em 4,0 mil metros quadrados de estufa para controlar melhor pragas, doenças e a temperatura. Ele também possui sistema de irrigação e explica que o custo de produção com o tomate grape é maior, em comparação com a variedade de tomate saladete.

“Planto o ano todo, diferentemente de alguns produtores que cultivam o tomate apenas em uma safra anual. A cada 60 dias, são 2,0 mil plantas de tomate cultivadas, um total de 12 mil tomateiros anuais”, diz Mateus. O produtor, além do grape, planta o tomate saladete, e que segundo ele, possui um custo menor de produção em relação ao sweet grape.

Menos oferta de tomate, preços bons no campo

Conforme estimativa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a oferta de tomates diminuiu em março, impulsionada pelo menor ritmo de colheita da safra verão da hortaliça. A partir destes dados, os pesquisadores do Cepea avaliam que os preços do tomate da variedade salada tiveram aumentos de 10% no mês de março, em comparação ao mês de fevereiro, no mercado do estado de São Paulo.

Para alguns produtores da região do Noroeste Paulista, com o período de entressafra, os preços estão com melhor remuneração no campo. Na produção de Mateus Lot Sanches, os preços das caixas (de 22 quilos) do tomate saladete, foram comercializados por R$ 160, um valor que ele considera bom para a produção no campo.

O produtor destaca ainda que os preços comercializados no mês de março devem cair nos próximos meses. “Quando começar a chegar por aqui o tomate do estado de Goiás, que é o maior produtor brasileiro, teremos mais oferta e os preços serão menores para os produtores da nossa região”.

Na safra de tomate do ano passado, o produtor Paulo Cézar Martinez não teve uma produtividade acima do previsto para as lavouras de tomate. “O clima não esteve muito bom para o cultivo aqui na minha propriedade. Espero que neste ano seja melhor a safra do tomate”, diz o produtor.

Martinez cultiva 100 mil plantas de tomate das variedades saladete e longa vida, em cinco hectares de área plantada em campo aberto, e está satisfeito com a rentabilidade da hortaliça. “Estou há 38 anos na lida com o tomate aqui no município de Paranapuã, e daqui o produto segue para os estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso”, afirma o produtor, que deve iniciar a colheita no final de abril, com cultivo anual do tomate. (CC)

Pragas e doenças

O agrônomo da Casa da Agricultura de Bady Bassitt, Edmar Ferrari, comenta que a produção de tomate fica muito suscetível com a incidência do tripes. Ele explica que o tripes é um inseto que transmite o vírus - conhecido como vira-cabeça - e que pode até acabar com áreas de plantio de tomate. “Hoje esse vírus é o que mais prejuízo causa para o produtor de tomate”, afirma.

No manejo, Edmar recomenda as pulverizações previstas para o controle de tripes e de outras pragas e doenças. “O maior cuidado deve ser no verão, quando temos altos volumes pluviométricos e temperaturas elevadas, o que pode elevar a população do inseto tripes”, diz Edmar. O produtor deve também, segundo o agrônomo, respeitar o tempo de carência de cada defensivo agrícola aplicado, para depois colher o tomate. (CC)

 

Fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/produtores-apostam-na-diversificac-o-das-lavouras-com-variedades-como-o-tomatinho-grape-1.1070811