12/04/10 11h30

Produtividade sobe com aumento simultâneo de produção e horas pagas

Valor Econômico

A produtividade na indústria avança com força no começo do ano, acenando com uma expansão firme em 2010, depois da queda de 1,9% registrada em 2009. No primeiro bimestre, ela cresceu 16,5% em relação ao mesmo período do ano passado, resultado da comparação da alta de 17,3% da produção industrial e do aumento de 0,7% do número de horas pagas aos trabalhadores. Na série livre de influências sazonais, a expansão acumulada pela produtividade em janeiro e fevereiro ficou em 1,5%. Esse desempenho indica que a produtividade voltará a subir de modo saudável em 2010, com elevação simultânea da produção e das horas pagas, destaca o consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Foi o padrão seguido entre 2004 e 2008.

Almeida atribui a recente expansão da produtividade, impulsionada pelo forte aumento da produção, a dois principais fatores: a retomada dos investimentos, a partir do segundo semestre do ano passado, e a racionalização de processos produtivos em função da crise. Segundo ele, no caso de compras de máquinas e equipamentos, o tempo entre a decisão do empresário de investir e os ganhos de eficiência é de seis meses a um ano. Com isso, uma parcela das inversões feitas a partir da segunda metade de 2009 na aquisição de máquinas já maturou, ajudando a explicar a alta da produtividade. Esses ganhos de eficiência são importantes por deixar as empresas mais preparadas para absorver aumentos de custos sem repassá-los para os preços, afirma ele. "E isso vale não apenas para os custos com a folha de salários." É um fenômeno que alivia pressões inflacionárias no setor industrial.

O resultado de fevereiro indicou uma alta mais expressiva do emprego e especialmente do número de horas trabalhadas, como mostrou a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O pessoal ocupado na indústria cresceu 0,6% sobre janeiro, feito o ajuste sazonal, enquanto as horas pagas tiveram expansão de 1,5%. Almeida observa que uma expansão firme do número de horas trabalhadas costuma anteceder novas contratações de empregados. Primeiro, há um aumento nas horas extras. Depois, com a confirmação de que a demanda é de fato firme, os empresários contratam novos empregados.

O ritmo de alta da produtividade no primeiro bimestre, de 16,5% sobre o mesmo período de 2009, não deve se sustentar no acumulado do ano, dizem os analistas. A baixíssima base de comparação da produção industrial explica o resultado tão forte, diz Almeida. Para ele, o mais razoável é esperar um crescimento de 4% a 5% da produtividade em 2010, o que é um número bastante positivo. Se ficar em 5%, será a taxa mais alta desde os 6,2% registrados em 2004.