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Produtividade da indústria sobe 3,5% até junho, diz Iedi

Folha de S. Paulo - 31/08/2008

A produtividade da indústria brasileira cresceu 3,5% no primeiro semestre do ano, mantendo o ritmo observado nos últimos anos, o qual é comparável ao que as nações mais desenvolvidas exibem. "Nesse aspecto, pode-se dizer que o setor vai muito bem. É importante a manutenção da taxa entre 3% e 4% para garantir a elevação da sua capacidade competitiva", destaca Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica e consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). "São esses ganhos de eficiência que permitem à nossa indústria compensar, em parte, os prejuízos trazidos pela valorização do real ante o dólar. Não fosse isso, os estragos seriam muito maiores." A produção manufatureira do país teve aumento de 6,3% no período e as horas pagas subiram 2,7%. "Esses indicadores mostram que a alta da produtividade é virtuosa e também possibilita reajustes salariais sem causar inflação", afirma Almeida. Ele prevê que a produtividade se desacelere um pouco no segundo semestre do ano, mas diz acreditar que haja potencial para elevações maiores no médio e longo prazo. "Somos uma economia emergente e, se avançarmos mais, teremos condições de fazer mais investimento. Os ganhos de produtividade são fruto das inversões dos empresários, que colocam máquinas atualizadas e novas tecnologias nas suas plantas." Em alguns setores, como os de vestuário, têxteis e calçados, no entanto, os aumentos de produtividade se dão pela racionalização da produção, com fechamento de fábricas e demissão de trabalhadores. "Quando enfrenta uma concorrência muito forte, como é a da China, o empresário não tem outra saída senão a de se reorganizar", explica o consultor do instituto. Dos Estados brasileiros, os que apresentaram maior alta no período foram Espírito Santo (18,7%), Paraná (8,2%), Pernambuco (7,7%) e São Paulo (5,5%).