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Produtividade cresce sem corte de emprego e com aumento de salário

O Estado de S. Paulo - 07/04/2008

A produtividade do trabalho na indústria brasileira vive o que os economistas chamam de um ciclo virtuoso de crescimento. O ciclo começou em 2004 e está se acelerando. No ano passado, a produção por trabalhador nas fábricas cresceu 4,2%, quase o dobro da taxa alcançada em 2006 (2,5%). Esse desempenho reflete o aumento dos investimentos das empresas em máquinas e equipamentos para expandir a produção. Impulsionada pela expansão de 6% na produção industrial, a evolução da eficiência nas fábricas é considerada virtuosa porque veio acompanhada de crescimento de 2,2% no emprego e de 1,8% nas horas pagas. Ou seja, a produtividade aumentou sem demissões em massa, como ocorria no passado. A remuneração média da mão-de-obra apresentou aumento real, de 3,1%. O ganho foi menor que o proporcionado pelo avanço da produtividade, o que sinaliza que os aumentos salariais estão sendo concedidos pela indústria sem pressões sobre a inflação. Os números constam de um levantamento feito pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi) com base em dados do IBGE. Eles montam um quadro bem diferente do observado entre meados dos anos 90 e 2003, quando o aumento de produtividade era conseguido a custa da redução do emprego. "As empresas ficaram mais eficientes e estão repartindo os ganhos com o trabalhador, e isso é muito bom, porque o aumento da renda alimenta a expansão da demanda doméstica", afirma o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, assessor do Iedi. Segundo ele, a maturação dos investimentos em máquinas e equipamentos tem ampliado a capacidade de produção de forma a atender à demanda sem pressões inflacionárias. O levantamento do Iedi mostra que o número de setores com aumento simultâneo na produção, nas horas pagas e no emprego ampliou-se no ano passado. De um total de 18 setores pesquisados, oito apresentaram crescimento virtuoso da produtividade, enquanto em 2006 foram apenas cinco. Nesse grupo está o setor de máquinas e equipamentos, que conseguiu o maior salto de produtividade, de 10,6%. A produção subiu 17,7%, enquanto o número de trabalhadores contratados cresceu 6,9% e as horas pagas aumentaram 6,5%.