02/04/08 10h20

Produção manteve-se em alta no trimestre

Valor Econômico - 02/04/2008

No conjunto, a indústria brasileira manteve, em março, o ritmo forte de produção que marcou os primeiros dois meses do ano. Algumas empresas, contudo, começam a perceber sinais de acomodação do ritmo de crescimento e está mais evidente o descompasso entre os setores. Para a cadeia automobilística, os números de crescimento superam os dois dígitos na comparação com o primeiro trimestre de 2007 - os fabricantes de automóveis produziram cerca de 30% mais no acumulado de janeiro a março em relação ao mesmo período do ano passado. No segmento de bens de consumo semi-duráveis, os relatos são menos uniformes, mas sempre positivos. Empresas têxteis e calçadistas relatam vendas 10%, em média, maiores. É nesse cenário que as pressões por reajustes de preços se avolumam, por conta do aumento do preço dos insumos, e devem afetar justamente os setores mais dinâmicos. Depois do reajuste de 78% do minério de ferro, o carvão deve subir cerca de 200% nesta semana, elevando o custo do aço, insumo fundamental para automóveis, máquinas e construção civil - que impulsionam o atual crescimento da economia brasileira. Os empresários argumentam que é uma inflação de custos, provocada pela alta das commodities, e reforçam que a indústria pode atender à demanda. "Não adianta subir juros que não vai baixar o preço do aço", diz Carlos Loureiro, presidente da distribuidora Rio Negro, sobre a perspectiva do Banco Central elevar a taxa de juros. Ele relata que as vendas de aço das usinas para os distribuidores aumentaram 20% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período do ano anterior. Dos distribuidores para os clientes, o aumento nas vendas chegou a 25%. Parte da alta é resultado de antecipação de compras pelas empresas, que esperavam o aumento de 10% no preço do aço que ocorreu por volta do dia 20 do mês passado. No segundo trimestre deste ano, o percentual de aumento nas vendas de aço deve cair para pouco mais de 10%, mas isso não significa desaceleração nas vendas. É que a base de comparação é mais forte, pois o aquecimento do mercado começou no segundo trimestre de 2007. Em 2008, a estimativa oficial do setor é de alta de 10% para as vendas de aços planos, mas Loureiro acredita que pode chegar a 12% ou 13%. "Não tem nenhum sinal de desaquecimento", diz.