04/06/08 14h52

Produção industrial se acomoda em nível elevado, afirma IBGE

Folha de S. Paulo - 04/06/2008

A produção da indústria se acomodou em abril, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Cresceu 0,2% na comparação livre de efeitos sazonais com março -quando a expansão havia sido de 0,6%. Na comparação com abril de 2007, o incremento foi de 10,1% -o maior desde outubro de 2007 (10,6%). Nos quatro primeiros meses deste ano, a produção industrial subiu 7,3%. Foi puxada pelo desempenho de bens duráveis (alta de 15,9%) e bens de capital (20,5%), que reagem ao boom nos setores automobilístico e de máquinas e equipamentos, respectivamente. Para Isabella Nunes, gerente da pesquisa industrial do IBGE, a indústria vive neste ano "um quadro de estabilidade e acomodação", embora "num patamar elevado de produção". Em abril, o setor fechou apenas 0,6 ponto percentual abaixo do nível recorde histórico de produção, alcançado em outubro. De acordo com a economista, o crédito farto e a confiança dos empresários asseguram à indústria ainda "um patamar alto" de produção. O câmbio, por sua vez, joga contra e inibe setores de bens intermediários, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, mais afetados pela concorrência internacional. "Há um processo de substituição de produtos nacionais por importados". Tal efeito é mais presente nos bens intermediários, cuja produção se mantém abaixo da média da indústria. A alta no quadrimestre foi de 6%. Em abril, a categoria registrou queda -0,2% ante março. Segundo Nunes, a renda e o emprego em expansão também turbinam o desempenho da indústria e compensam outros efeitos negativos, como a alta do preço dos alimentos -um dos motivos que explicam o crescimento inferior à média do bens semi e não-duráveis. A produção do segmento caiu 1,5% em abril, influenciada sobretudo pelo fraco resultado da indústria de bebidas (-9%). No primeiro quadrimestre, houve expansão de 2,2% -a menor entre todas as categorias. Nunes disse ainda que o efeito calendário favoreceu os dados de abril, quando comparados com o mesmo mês de 2007 -naquele período houve um dia útil a menos. Tal efeito, diz, explica, em parte, a alta da indústria acima de 10% em relação a abril de 2007.