Produção energética sustentável pode ser trunfo do Brasil
Vice-presidente do CAF acredita que essa temática vai seguir ganhando espaço, podendo conquistar um protagonismo inédito, o que resultaria em vantagens para o país
Correio BrazilienseA externalidade da infraestrutura dificulta qualquer tipo de tentativa de não reconhecimento de sua relevância para o país, avalia o vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Jorge Arbache. Porém, para o especialista, há no Brasil agendas imensas em áreas como mobilidade, logística, energia, telecomunicações que, mesmo sendo "cada vez mais importantes", carecem de recursos.
"São muitas agendas simultâneas que devem ser atacadas e, obviamente, não há recursos, energia, capital humano, capacidade política para enfrentar todas as demandas necessárias", afirmou. Arbache acredita que há um cenário que pode ser especialmente transformador quando se pensa em médio a longo prazo. "Essa agenda é, sim, da área de infraestrutura, mas é o que a gente tem chamado de power share. Estamos nos referindo a movimentos mais associados a questões geopolíticas", explicou.
Segundo Arbache, o power share "se refere a tudo que tem a ver quando há possibilidades de energia verde, barata, abundante e segura como fator determinante na tomada de decisão sobre a localização de investimentos, especialmente naqueles que são intensivos em energia".
Esse tema é especialmente importante para a região das América de uma forma geral e para o Brasil. "Em particular, porque temos um potencial mais do que conhecido não só em produção de energia verde, eólica e solar em grande escala e por custo em megawatt — que está entre os mais baratos do mundo —, mas também pelo potencial muito grande em produção de hidrogênio verde, que é considerado, por alguns estudos, como o menor preço da molécula de hidrogênio do mundo. Se não for o menor, é um dos menores", detalhou.
O vice-presidente do CAF lembrou ainda que esse fator, juntamente com a questão da geopolítica, tem ganhado relevância nas últimas décadas. "Hoje, afeta a segurança produtiva de vários países, seja na Europa, seja na Ásia, e está transformando a maneira como se toma decisão acerca da localização de investimentos industriais e de outros setores que são intensivos a energia", pontuou.
Arbache acredita que essa temática vai seguir ganhando espaço, podendo conquistar um protagonismo inédito, o que resultaria em vantagens para o país. "Existe um potencial de ganho no Brasil naquilo em que se está chamando de power share. Isso pode pode ser absolutamente transformador."