30/10/09 10h57

Produção e emprego crescem e setor já vê a crise superada

Valor Econômico

A indústria brasileira retomou o crescimento da produção e do número de empregados, indica a sondagem trimestral da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Depois de três trimestres de recuo, a melhora do cenário foi puxada principalmente pelo otimismo do empresário com o mercado interno. Os números da sondagem mostram que a crise econômica já foi em grande parte superada pelo setor, restando algum resquício apenas no segmento de máquinas e equipamentos, que têm uma reação mais lenta e ligada a novos investimentos, afirmou Flavio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da CNI.

Apesar da retomada do crescimento, a produção e o emprego ainda avançam em ritmo menor do que há um ano, antes da crise, segundo o estudo da instituição. De acordo com a sondagem da CNI, a situação financeira das empresas está melhor, mas o acesso ao crédito, apesar de ter evoluído positivamente, ainda é entendido como um problema pela indústria. Os estoques em excesso, que se elevaram ao longo da crise, foram, porém, praticamente eliminados. "É um bom indicativo, porque o aumento da demanda se refletirá integralmente na produção, fortalecendo a recuperação do crescimento econômico", diz o economista.

O uso da capacidade instalada continuou a crescer, mas ainda em níveis confortáveis, que não decorrem em pressão inflacionária, disse Castelo Branco. Isso significa que a qualquer sinal de maior aquecimento da demanda, os investimentos poderão ser retomados pela indústria. O maior descompasso do setor se dá na comparação entre as visões referentes aos mercados interno e externo. Enquanto a percepção da indústria com relação à demanda nacional saltou ao longo do ano, a expectativa com relação às exportações permanece bastante negativa.

A sondagem da CNI foi feita com 1.418 empresas, sendo 198 de grande porte, 401 de médio porte e 819 pequenas empresas. A percepção de crescimento da produção e do emprego é comum para empresas dos três portes, mas o crescimento é mais acelerado entre as maiores. Hoje, as principais preocupações das empresas, de todos os tamanhos, são a competição acirrada de mercado, a taxa de câmbio, a falta de mão de obra qualificada e o alto custo da matéria-prima.