Produção do cacau no Noroeste paulista impulsiona investimentos
A demanda de cacau vem crescendo ao redor do mundo e, nesta semana, as cotações pela commodity dispararam na bolsa de Nova York
Diário da RegiãoO potencial para a produção de cacau vem crescendo na região Noroeste paulista, que iniciou recentemente os plantios da matéria-prima para a fabricação do chocolate. A demanda de cacau vem crescendo ao redor do mundo e, nesta semana, as cotações pela commodity dispararam na bolsa de Nova York, o que deve impulsionar novos investimentos na região. A estimativa é de que 40 mil mudas de cacau sejam plantadas em solo paulista a partir de 2024.
Além disso, a Conab atualizou, no início do mês, os preços mínimos para o cacau cultivado. É a primeira vez que os valores, dentro da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) para o cacau cultivado têm valores diferenciados para as regiões brasileiras do Centro-Oeste/Norte e Nordeste/Espírito Santo.
Para a produção paulista, todos estes posicionamentos de mercado interferem no estímulo às plantações. “A cultura do cacau ficou esquecida por muito tempo no Brasil e agora há muita demanda pelos frutos. Em outro ponto, os preços para a venda do cacau precisaram ser ajustados, já que há uma restrição da oferta em países que mais produzem o fruto, como a Costa do Marfim”, avalia o produtor André Seixas, de Rio Preto.
Seixas tem se dedicado à produção de mudas de cacau e estima que até o início do ano que vem, 40 mil mudas estarão prontas para o plantio na região. “Muitos produtores estão procurando pelas mudas. Acredito que o potencial para a cultura do cacau no Noroeste paulista é grande”, afirma.
Mais qualidade
A produção de cacau deve garantir rentabilidade e sustentabilidade para os agricultores que investirem no fruto, segundo o agrônomo e diretor da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Rio Preto, Ricardo Pereira. Ele diz que as plantações de cacau na região se adaptaram ao clima tropical e tem mantido a sanidade dos frutos. “Tudo isso mostra que a região tem condições de produzir um fruto que garanta um chocolate de qualidade, mais nobre em sua fabricação”, ressalta.
No Noroeste Paulista, Ricardo explica que o projeto Cacau-SP integra mais de 20 produtores que cultivam cerca de 200 hectares do fruto. “Se encontrarmos esse caminho, ao migrar a produção de cacau que hoje está concentrada nos estados da Bahia e do Pará, deverá despertar cada vez mais, aqui na região, o interesse da instalação de indústrias e processadoras do cacau”.
Fábrica em instalação
Apesar de não ter colhido o cacau na fazenda de Palmares Paulista, a produtora Mônica Munhoz se antecipou e investiu em uma fábrica de chocolate para fazer os primeiros testes com o fruto que vem cultivando recentemente. “A ideia é testar amêndoas de qualidade, já que o mercado está muito favorável para o chocolate gourmet”.
São 3 mil plantas da fruta e a produtora acredita no potencial do negócio. “Fiz o investimento de aproximadamente R$ 150 mil na fábrica com o interesse em produzir mais cacau na minha fazenda e também comprar de outros produtores”.
Em Tanabi, o produtor Marcelo Franzine conta que o desafio no início do plantio das mudas foi enorme, especialmente pelo fato de a região ainda não ter a cultura cacaueira como modelo de cultivo. “Foi bem difícil, mas continuo animado com a produção de 12 mil árvores plantadas”.
Em consórcio com a seringueira, ele investiu nas plantações de banana, que fazem o sombreamento para o cacau e garantem a rentabilidade enquanto aguarda a colheita do cacau, prevista para o próximo ano. “Os preços do cacau têm grandes oscilações. Em Ilhéus, foi comercializado a R$ 17 o quilo, mas já chegou a R$10. É bem volátil, mas as oportunidades na região vão ser boas”.