26/09/23 14h40

Produção de uvas finas de mesa se destaca na safra na região de Jales

Apesar de a safra 2022-2023 chegar perto do final da colheita, produtores afirmam que a qualidade da uva destas cultivares foi responsável pela maior rentabilidade no campo

Diário da Região

Uvas do grupo itália, também conhecidas como variedades finas de mesa e que são próprias para o consumo in natura, estão uma beleza nas videiras da região de Jales. Apesar de a safra 2022-2023 chegar perto do final da colheita, produtores afirmam que a qualidade da uva destas cultivares foi responsável pela maior rentabilidade no campo. “Poucos fruticultores estão plantando as uvas deste grupo, principalmente na região do Nordeste, onde se tem a maior produção de uvas”, explica Adriano Rogério Franco.

É neste cenário, de demanda menor na produção das uvas de variedades como itália, benitaka, rubi e núbia, que a produção de quem investiu nestas uvas conseguiu preços melhores no mercado. Outro fator favorável para os fruticultores foi o clima, com chuvas no início do ano, valorizando ainda mais a qualidade das frutas.

“Estão bonitas, com cachos grandes e isso atrai muito o consumidor no supermercado”, diz Adriano, que planta 2,2 mil pés de uvas destas variedades em Palmeira d’Oeste, na região de Jales. Junto com a família, o pai Osvaldo Franco Filho e o irmão, Luiz Fernando Franco, Adriano cultiva uvas há mais de 30 anos, e priorizou o plantio das uvas finas de mesa.

As cultivares deste grupo são uvas muito consumidas no Brasil, especialmente a itália (de cor verde e bagas grandes) e a benitaka (coloração rosa-escuro e cachos grandes), além da núbia (cor preta e bagas grandes) e da rubi (avermelhada e com partes esverdeadas). Todas são uvas com sementes, e os produtores acreditam que muitos que se dedicam à viticultura, investiram em uvas sem sementes e bem adocicadas, como a cultivar vitória, o que resultou em plantios menores de uva do grupo Itália.

Mais trabalhosa

O produtor Carlos Tinelli, com produção de cinco mil plantas de uvas diversificadas, entre as do grupo de uvas finas de mesa, conta que está contente com a safra da fruta neste ano. “A procura está muito grande, principalmente pela itália e as uvas de pente, como a gente fala sobre o manejo destas uvas. Muita gente não quer mais trabalhar com essas uvas, os jovens principalmente, já que exigem muitos cuidados com as videiras”, ressalta.

A variedade benitaka, segundo Tinelli, também está em falta no mercado, o que traz mais rentabilidade aos produtores que ainda possuem a fruta nos pomares. “Aqui tenho cultivares de uvas com sementes, como a itália, benitaka, núbia e rede globe, e as sem sementes, que são a vitória e a isis”, acrescenta o produtor.

Assim como Tinelli, o produtor Adriano considera mais trabalhoso o manejo com as uvas finas de mesa, especialmente com a italia e a benitaka, o que acaba provocando uma escassez dessas variedades no mercado. “Às vezes, o trabalho é dobrado e não temos funcionários para ajudar porque para o consumidor esse tipo de uva tem que ser mais bonito (o cacho) ao invés de ter sabor adocicado. Temos que caprichar nos tratos culturais”, diz Adriano.

Rentabilidade compensa

Nos próximos dias, os irmãos Roberto e Rubens de Souza, de Palmeira d’Oeste, deverão finalizar a colheita da uva do grupo itália. A safra 2022-2023, que teve o início da colheita no mês de julho, está com uvas muito vistosas, de excelente qualidade e preços muito atrativos, conforme Roberto. “Agora, com sol e calor muito fortes, até cai um pouco em termos de qualidade, mas ainda temos uvas muito boas para serem colhidas”.

Roberto conta ainda que a safra deste ano está melhor em comparação com anos anteriores, especialmente na valorização de preços para o produtor.

“Em outros anos, os preços acabavam caindo, eram instáveis. Porém, nesta safra, os preços pagos se mantiveram, com o mercado pagando a uva na roça entre R$ 5,50 e R$ 7,00 o quilo”, pontua.

Em média, os irmãos produzem de 80 a 100 toneladas de uvas das variedades itália, benitaka, rubi, núbia e brasil, todas com sementes, sendo que considera o melhor mercado, com maior demanda, para a uva itália. Ele explica que para conseguir bons preços, as uvas exigem muita adubação, poda, entre outros cuidados que vão garantir a lucratividade da fruta.

Produtividade com as frutas

A safra deste ano foi de boa produtividade para as uvas finas de mesa, sendo a itália e a benitaka as mais produzidas na região de Jales. De acordo com o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Uva e Vinho), de Jales, Reginaldo de Souza, a mão de obra foi um dos fatores relevantes para afastar os produtores do plantio destas variedades. “Com isso, quem ainda planta essas cultivares, que ainda têm muito mercado, garante bons lucros”.

O pesquisador explica que as uvas finas de mesa, de origem europeia, são sensíveis às doenças fúngicas e exigem muitos tratos culturais. “A cultivar núbia, que é uma híbrida, é mais tolerante às doenças”, acrescenta. Ele diz ainda que as uvas de mesa devem apresentar características apreciadas para o consumo in natura, com cachos atraentes e sabor agradável.

Em recente lançamento da Embrapa, Reginaldo diz que a cultivar melodia foi desenvolvida para atrair o consumidor, com uma coloração muito vistosa, rosada e um sabor que tem um mix de frutas vermelhas e que lembra o morango. “É mais uma opção para os produtores, sendo que muitos estão se interessando pelo cultivo de uvas para o turismo rural, e a melodia é bem atrativa para esse novo nicho de mercado”.

De acordo com dados da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), regional de Jales, em 22 municípios que cultivam a uva fina de mesa, a estimativa nesta safra foi de área de 470 hectares e volume de produção de 15,5 mil toneladas. Segundo o agrônomo Gilberto Pelinson, da Cati de Jales, em 2022, a área cultivada foi de 480 hectares e volume de 15,6 mil toneladas, uma leve diminuição em 2023 em comparação ao ano passado.

 

Fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/produc-o-de-uvas-finas-de-mesa-se-destaca-na-safra-na-regi-o-de-jales-1.1901264