11/06/10 12h11

Produção de tissue no país receberá US$ 1 bi até 2015

Valor Econômico

Único tipo de papel cujo consumo cresceu no mercado brasileiro durante o período de crise econômica, o tissue, utilizado para fins sanitários, vai receber investimento bilionário nos próximos anos. Até 2015, conforme levantamento da Pöyry, uma das principais consultorias do mundo na área de celulose e papel com sede na Finlândia, empresas que atuam nesse segmento têm planos de instalar mais seis máquinas para produção de tissue no país, em aportes que, juntos, poderão alcançar US$ 1 bilhão.

No ano passado, segundo dados preliminares da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), o volume de tissue fabricado no país mostrou expansão superior a 18 mil toneladas, ou pouco mais de 2%, enquanto a produção total das papeleiras recuou perto de 0,4%. "Também nos Estados Unidos, o tissue foi o único tipo de papel que mostrou crescimento durante a crise", afirma o vice-presidente da Pöyry, Carlos Alberto Farinha e Silva.

Com a perspectiva de continuidade do crescimento da economia brasileira e melhoria da renda, e consequente expansão do consumo de papel higiênico folha dupla, lenços umedecidos e fraldas descartáveis, explica Silva, as fabricantes de tissue estão encorajadas a ampliar a produção no país e se preparam para uma nova rodada de investimentos. Em termos de produção, o incremento na capacidade nacional até 2015 deve chegar a 200 mil toneladas anuais caso os projetos em estudo se concretizem. Atualmente, uma máquina de tecnologia avançada pode produzir cerca de 30 mil toneladas por ano e custa, em média, US$ 150 milhões.

Além da projeção de cenário macroeconômico positivo, o indicador de consumo de papel para fins sanitários por habitante no país mostra que ainda há muito espaço para crescimento. Em 2009, o índice ainda estava em 4,5 quilos por habitante - há 10 anos, era de 3,3 quilos. Empresas como Santher, Kimberly-Clark e Melhoramentos, que foi comprada pela chilena CMPC no ano passado, disputam aqui um mercado altamente competitivo, que exige cada vez mais qualidade e custo reduzido.

Os investimentos previstos para o segmento trazem boas perspectivas para a indústria de celulose branqueada de eucalipto, matéria-prima ideal para a produção de tissue em razão de características técnicas, como maciez. "Também em termos de custo a celulose de eucalipto é a mais adequada à produção", ressalta Silva. A crescente participação do papel para fins sanitários no mercado total levou a Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP) a elaborar um evento específico para o segmento, que ocorrerá paralelamente ao tradicional congresso promovido anualmente pela entidade. O congresso, que se realiza há 43 anos, está agendado para outubro.