10/11/10 11h47

Produção de linha branca ganha fôlego

Valor Econômico

A redução da cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os principais itens de linha branca mostrou que o país tem uma demanda mais do que reprimida em eletrodomésticos. Concedido entre abril de 2009 e janeiro de 2010, o benefício elevou em cerca de 30% as vendas do segmento no ano passado. O sucesso foi tanto que gerou problemas: houve gargalo na produção na segunda metade de 2009 e chegou a faltar produto nas lojas. Foi o suficiente para que a indústria reavaliasse o potencial do mercado nacional em tempos de desemprego na casa dos 6% e de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 7%, como o previsto para 2010, o que aumenta a confiança do consumidor. Para as multinacionais que disputam o segmento, não há dúvidas: está na hora de abrir espaço no chão de fábrica.

Segundo apurou o Valor, Samsung e LG estão prospectando terrenos para a instalação de fábricas de eletroeletrodomésticos no interior paulista, onde já atuam as concorrentes Mabe (Campinas), Whirlpool (Rio Claro), Electrolux e Latina (essas últimas em São Carlos). Até o momento, as múltis coreanas, que lideram o mercado de eletroeletrônicos no país, disputavam a linha branca com produtos de altíssimo valor agregado, como os refrigeradores duplex ("side by side") e as lavadoras que também secam roupas ("lava e seca").

A Samsung, que já tinha testado esse mercado em 2005, com preços fora da realidade nacional, voltou este ano com eletrodomésticos importados top de linha, porém mais acessíveis. Ao mesmo tempo, começou a fabricar ar condicionado na Zona Franca de Manaus. Já a LG confirmou o projeto de produzir linha branca no Brasil, que pode ocorrer em uma nova fábrica ou em uma planta já existente, mas não informou detalhes. A empresa voltou a importar fornos de micro-ondas no ano passado e, este ano, deu início à produção do item em Taubaté (SP), onde também passou a montar a "lava e seca". O plano, agora, é partir para uma investida mais agressiva nos principais itens da linha branca - fogões, refrigeradores e lavadoras.

Em maio, em entrevista ao Valor, o presidente mundial da Electrolux, Hans Straberg, afirmou que a empresa trabalhava próxima da sua capacidade total e que estudava novas fábricas no país. A mega concorrente Whirlpool, por sua vez, retoma a produção de lavadoras de louça em Rio Claro, produto que vinha importando nos últimos anos. Já a Panasonic, que atua em eletroeletrônicos e fabrica apenas micro-ondas em linha branca no país, tem um projeto pronto para ampliar os itens de cozinha. Para o professor da Trevisan, essa movimentação de investimentos de peso no mercado, mostra que há espaço para o país se tornar um polo produtor de eletrodomésticos na América Latina. Há cerca de três anos, a Panasonic estuda abrir uma unidade de produtos de linha branca no Brasil. Inicialmente, a ideia era construir a unidade nos Estados de Minas Gerais ou São Paulo e, há cerca de dois meses, a matriz bateu o martelo e escolheu São Paulo como sede.