31/05/11 14h06

Produção de bens duráveis vai puxar indústria, diz FGV

Valor Econômico

O setor de bens duráveis vai puxar o crescimento da produção industrial brasileira este ano. De acordo com projeção do Centro de Macroeconomia Aplicada da Fundação Getulio Vargas (Cemap-FGV), a fabricação de produtos como veículos, eletroeletrônicos e móveis deverá registrar expansão de 9,5% em 2011, bem acima da média esperada para toda a indústria, de 4,5%. Na comparação com 2010, a expectativa do Cemap para o desempenho do setor de bens duráveis este ano apresenta ligeira desaceleração, de 10,3% para 9,5%, enquanto a taxa da produção industrial poderá fechar 2011 com redução de seis pontos percentuais - de 10,5% para 4,5%.

Para o coordenador do Cemap, Emerson Fernandes Marçal, crédito e renda garantem maior vigor para a indústria, principalmente para a produção de automóveis, móveis e eletroeletrônicos. "A indústria automobilística está diretamente ligada ao crédito, e o consumo aí também está associado com a renda maior. As pessoas estão ganhando mais na média, então elas arriscam a comprar bens de valor agregado maior, como um carro."

A projeção do Cemap foi feita com base no resultado fechado da indústria no primeiro trimestre. "No começo do ano, percebemos que a indústria demonstrava que andaria de lado o resto do ano, mas retomou fôlego em fevereiro e março. Agora nossa análise indica que os setores de bens duráveis e de bens de capitais devem crescer mais do que todo o conjunto e puxar a indústria como um todo, o que é um dado bastante positivo", diz.

Depois de uma forte alta em 2010 (20,9%), que praticamente garantiu a recuperação das perdas decorrentes da crise econômica, o setor de bens de capital crescerá acima da média geral da indústria, de acordo com a previsão do Cemap. A expectativa é que o setor alcance uma taxa de crescimento de 7,1%. As projeções para 2011 também indicam variação de 4,4% para a produção da indústria de transformação, ante um resultado de 10,3% em 2010; 4,2% para bens intermediários, contra 11,4% no ano passado. No consumo, a produção industrial de bens não duráveis deverá chegar a 2,2% - o desempenho de 2010 foi registrado em 5,5%.

Marçal destaca que as projeções do Cemap são otimistas. "É uma avaliação acima da média. A pesquisa Focus, do Banco Central, projeta crescimento de 3,85% da indústria em 2011. Nossa análise indica que os setores de bens duráveis e de bens de capitais devem crescer mais do que os outros setores e puxar a indústria como um todo", diz Marçal. Recente relatório da Rosenberg Consultores Associados, por exemplo, prevê para este ano expansão de 2,5% para a produção industrial do país.