14/05/10 11h27

Produção de açúcar da Cosan crescerá até 30%

Valor Econômico

A forte queda das cotações do açúcar nos últimos meses preocupa os grupos sucroalcooleiros que atuam no Brasil, tanto no que se refere ao mix da safra atual, que será mais "sucro" do que "alcooleira", quanto no que se refere a aquisições, cujos valores estão atrelados ao mercado. Se não escapa aos analistas, o diagnóstico, evidentemente, também mobiliza as usinas. E a maior delas, a Cosan, está bem atenta às oscilações verificadas. Na bolsa de Nova York, os futuros do açúcar chegaram a atingir 30 centavos de dólar por libra-peso, maior patamar em quase três décadas, e hoje estão pouco acima de 15 cents.

Em encontro na quinta-feira com jornalistas em uma das usinas do grupo, Pedro Mizutani, presidente da Cosan Açúcar e Álcool, destacou que a os valores do açúcar estão pelo menos 10% menores do que os de dois meses atrás. Uma das maiores "consolidadoras" do segmento, a Cosan "está sempre atenta a oportunidades" de aquisição, mas Mizutani lembrou que o preço não é o único indicador que determina a aquisição de uma usina. "A compra de um ativo tem que fazer sentido, ter sinergia com o projeto da empresa".

A Cosan disputa com outros grandes grupos os ativos da Usina Mandu, de Guaíra (SP). Segundo fontes do mercado, os sócios da Mandu já receberam as propostas dos pretendentes, mas não se posicionaram justamente à espera de condições de mercado melhores - ou seja, elevação dos preços de açúcar e álcool. Problema mais imediato, porém, é a divisão da produção nesta safra 2010/11. Maior empresa processadora de cana do mundo, com previsão de moagem de 60 milhões de toneladas no ciclo, a Cosan prevê elevar a produção de açúcar de 15% a 30%, por conta dos investimentos de US$ 80 milhões feitos em 2009 para ampliar capacidade em usinas já em operação.

Na melhor das hipóteses, a oferta de açúcar da Cosan poderá superar 4,8 milhões de toneladas na temporada, ainda que Mizutani preveja cerca de 4,6 milhões. "Mesmo com preços menores, na casa dos 14,5 centavos a 15 centavos de dólar por libra-peso, o açúcar está remunerando mais do que o álcool", justificou. A produção de etanol do grupo também deverá avançar por conta da entrada da operação das duas novas usinas - Jataí, em Goiás, e Caarapó, em Mato Grosso do Sul, que predominantemente produzem o biocombustível. O volume produzido está estimado em 2,06 bilhões de litros, 1,9 bilhão no ciclo passado.

Para Mizutani, será em um bom ano para os preços do etanol. Os patamares atuais, da ordem de R$ 0,76 por litro de álcool hidratado, disse ele, deverão perdurar ao longo da safra. Não são as melhores cotações do mundo, analisou, mas cobrem os custos de produção. "Mas haverá alta importante na entressafra, e a nossa estratégia continua sendo a de vender a maior parte do nosso etanol neste período", disse. Mizutani acrescentou que a venda realizada neste momento refere-se apenas ao cumprimento de contratos.

Sem dar detalhes, Mizutani adiantou que a Cosan deverá participar do próximo leilão de reserva de energia da Aneel, em 18 de junho. "Tudo vai depender do preço, que têm de estar acima de R$ 170 o megawatt-hora". As usinas habilitadas a participar são Caarapó (MS), Diamante (Jaú/SP) e Junqueira (Igarapava/SP).