22/06/10 11h36

Produção de aço no país tem alta de 50,7% em maio

O Estado de S. Paulo

A produção de aço brasileira cresceu 50,76% em maio em relação ao mesmo mês de 2009, enquanto a produção mundial apresentou uma alta de 29,1% na mesma comparação. Apesar da fraca base de comparação do ano passado - quando o setor despencou com a crise mundial e a siderurgia brasileira se viu pela primeira vez forçada a desligar altos-fornos -, os números apontam para uma recuperação continuada do mercado de aço. Segundo analistas, ainda há um espaço folgado para a recuperação da produção no mundo, já que Estados Unidos e Japão ainda não voltaram aos níveis pré-crise e países da Europa apresentam uma capacidade ociosa ainda elevada. Já no Brasil, a capacidade instalada poderia bater seu teto no ano que vem e, com a demanda interna aquecida, o sinal amarelo do desabastecimento poderia acender já em 2012.

A Associação Mundial de Aço mostrou ontem que a taxa de utilização da capacidade instalada no mundo, considerando dados de 66 países, ficou em 82% em maio, num ligeiro recuo em relação aos 83,4% registrados no mês anterior. Raphael Biderman, analista sênior de siderurgia do Bradesco, lembra que, no Brasil, este porcentual já está em 90%, e que o País deve bater os 100% no ano que vem, com a reativação do último forno inativo da Usiminas.

Segundo Biderman, as vendas no mercado interno estão fortemente aquecidas: apenas em maio cresceram 12,7% em relação a abril. Outro indício da tendência é a proporção das vendas da CSN e da Usiminas no País, mostrando que as empresas estão direcionando aço que antes era exportado para abastecer o mercado nacional. A média era de 75% das vendas para o mercado doméstico; hoje, o porcentual está em cerca de 80% a 85% das vendas totais. O analista acrescenta que as estatísticas apontam para uma alta de 55% nas vendas em 2010, um porcentual muito acima dos 20% projetados em janeiro pelo mercado interno.

Para ele, esse movimento abre espaço para que a Usiminas faça uma segunda rodada de aumento de preços em julho, após o reajuste da Vale. O último reajuste realizado pela empresa foi de apenas 10%, enquanto, desde o começo do ano, o minério de ferro subiu entre 130% e 140%. Por outro lado, Juliano Navarro, do BES Securities, lembra que a capacidade ociosa de mercados maduros como a Europa pode atrapalhar a retomada de preços.