Produção da pitaya na região Noroeste paulista deixa fruticultores satisfeitos
Pitaya se tornou uma fruta mais conhecida nos últimos anos
Diário da RegiãoExuberante na aparência, a pitaya vem conquistando cada vez mais a mesa do consumidor brasileiro, especialmente pelos nutrientes importantes que possui para a saúde humana. Doce e suave, a fruta-dragão - como também é conhecida - tem valor importante na comercialização, e produtores apostam ainda no mercado externo para garantir renda. Com isso, os fruticultores ampliaram os pomares com a produção da fruta, que nos últimos anos se tornou mais conhecida da população brasileira.
“Até cinco anos atrás a pitaya não era tão conhecida do consumidor brasileiro. Porém, hoje é uma cultura que está em expansão. No Ceasa de São Paulo, onde se tem o maior mercado de frutas no País, o volume comercializado era de 600 toneladas por ano. Hoje, a produção já deve ultrapassar 4 mil toneladas com a venda da fruta”, afirma o pesquisador Nobuyoshi Narita, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), órgão da Secretaria estadual de Agricultura.
O estado de São Paulo, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), lidera o cultivo de pitaya no Brasil, com 40% da produção, seguido pelos estados de Santa Catarina (24%), Minas Gerais (12%) e Pará (10%). Para o pesquisador, atualmente outros estados já estão com grande volume de produção, como os do Nordeste, e muitas dessas frutas também chegam aos mercados do estado paulista.
Antioxidante
Narita explica ainda que existem milhares de variedades de pitaya. No entanto, as mais conhecidas do consumidor brasileiro são as de casca vermelha e polpa vermelha, e a de casca vermelha e polpa branca. “As frutas vermelhas são consideradas antioxidantes (substâncias que combatem os radicais livres), o que atrai o consumidor da pitaya”.
A tendência do mercado é muito boa para o produtor de pitaya, segundo o pesquisador. Ele observa ainda que a fruta é valorizada no mercado interno, e mesmo com mais produtores investindo na produção, os preços da pitaya não caíram, o que garante a lucratividade para os fruticultores.
O casal de produtores Rosiane e Antônio Carlos da Silva Lopes possui mais de 31 variedades de pitaya no sítio localizado em Aspásia (na região de Jales). Há 30 anos na atividade, Antônio cultiva várias frutas, além da pitaya. Ele acredita que a fruticultura tem força na região Noroeste paulista, liderado pela agricultura familiar, como é a produção dos pomares do produtor.
“Não se pode ter uma produção de fruta apenas. Por exemplo, eu tenho aqui o limão, e se tivesse que sobreviver apenas do limão teria prejuízo, já que a cultura do limão tahiti vem aumentando na região e os preços caindo muito”, conta Antônio.
Investimentos na cultura da pitaya
Na propriedade de William Barcelos, também conhecido como Bil, as floradas da pitaya já iniciaram e o produtor comenta que o manejo da fruta é bem caprichado para manter um fruto grande, bonito e bem aceito no mercado (630 gramas, em média, pesa a pitaya). A cada ano, Bil expande o pomar e também está investindo na exportação da fruta.
Ele trabalha com a pitaya há 15 anos, no município de Nipoã, e diz que os frutos serão colhidos mais próximos ao Natal, época que também aumenta o consumo da fruta. O produtor ampliou a área cultivada neste ano, de 2,5 mil plantas para 6 mil árvores, já que a demanda da fruta aumentou bastante.
Da família das cactáceas, a pitaya não deixa de ser muito exigente em água, e Bil diz que é importante fazer a reposição hídrica das plantas. “O clima está muito seco, faltou chuva para as plantas, que quando dão a florada exigem mais água”.
Outro produtor que fez investimento no manejo da pitaya foi Antônio Carlos da Silva Lopes. Neste ano, ele conta que fez a instalação no pomar de 16 refletores de iluminação em led, com o objetivo de colher frutas mais precoces. “Quando o clima está mais frio, como a planta é de hábito noturno, a gente quebra a dormência e adianta o ciclo, por isso usamos a iluminação artificial”.
Geleia, suco e cerveja de pitaya
A variedade de produtos da pitaya também é mais um atrativo para os produtores. Hoje, segundo especialistas e fruticultores, além do consumo natural da fruta, existem muitos produtos disponíveis para o consumidor, e que levam a pitaya. Em Votuporanga, Mateus Moreti cultiva 1,3 mil plantas, que já estão em produção há 17 anos, e aposta na produção da fruta para vários mercados.
Mateus conta que está fornecendo a pitaya para uma cervejaria artesanal e que a cerveja de pitaya tem agradado o gosto dos apreciadores da bebida. “A polpa da variedade vermelha também é comercializada para geleias e sucos. E temos ainda a intenção de ampliar o negócio familiar para o turismo rural no sistema em que os turistas vêm conhecer a plantação e colhem a fruta”, ressalta.
Além de muito produtiva, com média de volume de 30 a 40 quilos por pé na colheita, a árvore de pitaya necessita de várias podas, que dão vigor às plantas, e mantém a qualidade dos frutos. Segundo Mateus, ele já conseguiu fazer uma pequena colheita neste ano, mas o período de maior demanda é entre dezembro e janeiro.
Nestas primeiras colheitas, Mateus afirma que a lucratividade dos produtores de pitaya é maior, já que não tem muita disponibilidade dos frutos ainda nos pomares. “Atualmente, conseguimos vender o quilo da pitaya até por R$ 40, mas depois fica com preço médio de R$ 25 e atinge R$ 6, o quilo, quando está no pico da safra”, ressalta.