26/06/15 14h15

Prioridade de São Paulo é expandir oferta de gás natural para térmicas

Valor Econômico

Com a menor disposição para investimentos diretos, o "novo protagonismo" de São Paulo está focado na garantia de segurança de abastecimento do Estado, que representa o maior centro de carga do país. E isso passa pela viabilização da oferta de gás natural para abastecer usinas térmicas na região, afirma o secretário estadual de energia, João Carlos Meirelles. "Estamos muito empenhados em introduzir o gás de maneira definitiva na matriz de São Paulo. A hidroeletricidade sozinha não nos atende mais."

Nesse sentido, o principal projeto é a chamada "Rota 4", rede de gasodutos que escoará o gás natural a ser produzido na Bacia de Santos e que tem potencial para dobrar a oferta para o Estado, hoje abastecido principalmente via o gasoduto Brasil-Bolívia, que garante 15 milhões de metros cúbicos por dia.

Shell e Comgás estão já manifestaram interesse no projeto e a questão agora é como antecipar parte da oferta no insumo, que não deve se concretizar no curto prazo. Para isso, diz Meirelles, o Estado está mantendo conversas com o governo federal para viabilizar a construção um terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) a ser implementado nos portos de Santos ou São Sebastião.

De acordo com o secretário, isso permitiria a antecipação de pelo menos parte da rota 4, sem capacidade ociosa. "São terminais que podem operar até 10 milhões de metros cúbicos por dia e dá pra viabilizar em 18 a 24 meses. Há uma fila de interessados", garante, sem citar nomes.

Outra possibilidade seria fazer um "swap" de gás com a Petrobras. Nessa operação, o empreendedor entregaria GNL no terminal de regaseificação da petroleira no Rio de Janeiro e receberia o gás que já passa pelos dutos no espaço, numa espécie de troca de produto.

Enquanto aguarda o aumento na oferta, o Estado pretende trabalhar com o que já tem. Nos próximos dias, a estatal Emae abrirá uma chamada pública para atrair parceiros para a construção de térmicas na zona sul da capital, no entorno de onde hoje já se encontra a termelétrica de Piratininga.

Os empreendimentos seriam abastecidos pelo excedente de gás natural da Comgás, que hoje tem cerca de 1 milhão de metros cúbicos diários disponíveis. "Já temos os terrenos, as redes de energia e o gás. Entraríamos como minoritários com esses ativos e os privados entram com o investimento e possivelmente com a operação", aponta.