22/01/08 10h57

Preço do boi gordo deve permanecer em alta por mais dois anos

Folha de S. Paulo - 22/01/2008

A pecuária brasileira vive nova fase: de preços em alta e de retomada de investimentos em produção e produtividade. Após mais de dois anos de preços baixos, a recuperação acontece num momento de oferta menor de boi gordo e demanda intensa, tanto do mercado interno, devido à recuperação da renda do trabalhador, como do externo. O Brasil nunca vendeu tanta carne bovina a outros países como em 2007, mantendo o posto de maior país exportador do produto. Esse aquecimento dos preços não deve parar por aqui. Segundo José Vicente Ferraz, do Instituto FNP, os pecuaristas irão ver os seus bois se valorizarem por mais dois ou três anos. Conseqüentemente, na outra ponta do mercado, o consumidor irá continuar a pagar caro pela carne bovina. Isso irá acontecer porque o processo de reposição do rebanho é lento. Em dezembro, a arroba do boi gordo foi negociada, em média, a R$ 74,69 (US$ 42,44) na região de Barretos (SP), a maior cotação nominal mensal no Plano Real, segundo dados da Scot Consultoria. Já em termos reais, com os valores corrigidos pela inflação (IGP-DI), no mês passado, a arroba atingiu a maior cotação desde janeiro de 2004. É consenso entre os analistas do setor que os atuais preços não devem ceder, mesmo agora no período de safra da atividade. E mais: na entressafra, no segundo semestre, o preço irá registrar novo recorde. Avaliação distinta tem Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos). Para ele, dificuldades na exportação previstas pelas restrições da União Européia devem limitar os embarques. Essa carne, que seria vendida a outros países, deve ser direcionada ao mercado doméstico, baixando os preços.