23/08/22 14h28

Práticas sustentáveis garantem bonificação a avicultores na região de Rio Preto

Produtores de aves de corte adotam práticas sustentáveis e ganham bonificação da agroindústria após colocarem placas solares que garantem energia limpa ao meio ambiente

Diário da Região

O movimento sustentável em busca de manejos que impactem menos o meio ambiente está em alta na agropecuária. Entre as diversas práticas sustentáveis no agronegócio, os avicultores querem trabalhar com energia solar, além da compostagem orgânica e do descarte correto das aves que não sobrevivem nas granjas. E para esse cenário, as agroindústrias estão incentivando os produtores de aves de corte até com uma bonificação para quem investe em energia fotovoltaica.

“Hoje estamos muito voltados para a questão do ESG (governança ambiental, social e corporativa em português) ou da sustentabilidade, e o produtor que está buscando implantar esses manejos é visto de outra forma pelas empresas. Como somos integrados com o frigorífico no fornecimento das aves, a empresa lançou agora um ajuste financeiro, um bônus por cada ave produzida, para quem tem a energia solar nas granjas”, explica o produtor Renato Gaspar Martins. 

No ano passado, Renato adquiriu 1,3 mil painéis de energia fotovoltaica, um investimento da ordem de R$ 1,3 milhão para a produção anual de 2,3 milhões de aves que ele aloja em dez aviários, na propriedade rural em Onda Verde. Com a energia solar fotovoltaica - uma fonte de energia renovável e limpa que utiliza a radiação solar para gerar eletricidade - Renato diz que além de economizar na conta de energia elétrica, deixou de emitir 516 toneladas de gás carbônico em um ano.

“Ao mesmo tempo em que estamos contribuindo com o meio ambiente, deixando de emitir muito gás carbônico, economizamos na despesa da granja com a conta de energia elétrica, e o integrado que trabalha com o frigorífico ainda consegue um incentivo para o investimento nesta energia solar”, afirma Renato.

O produtor Júlio César Pavin Filho adotou a energia solar em dois aviários e deve instalar as placas em mais um alojamento dos frangos em Monte Aprazível. Ele acredita na importância das medidas sustentáveis. “O frigorífico já faz um check list nas granjas, com relação à limpeza, em termos de biosseguridade da produção de aves, e agora, teremos um incentivo para quem investir em energia solar”.

Aquecedores

O custo com energia elétrica é o que mais pressiona o caixa dos produtores de frango de corte, que precisam manter as aves aquecidas em início de produção, o que demanda a eletricidade funcionando por 24 horas, como explica o produtor Fábio Berti. Desde o ano passado, ele adotou o sistema de energia solar nas granjas que ficam em Tanabi.

Agora, Fábio também projeta o uso de aquecedores elétricos, que seriam colocados nas granjas com o uso da energia fotovoltaica, para o aquecimento dos pintinhos. Atualmente, isso é feito com um equipamento que utiliza pallets ou lenha. “É outro manejo de ESG, que vai ser muito interessante e ajudar a reduzir custo, já que essa matéria-prima tem preço bem alto”, ressalta.

Medidas aprovadas

 

Iniciativas com manejos sustentáveis têm a aprovação do especialista em frango de corte e ambiência da Cobb-Vantress - empresa de genética de aves de cortes - José Luis Januário. “É um rol de medidas sustentáveis que nós apoiamos muito e são importantes para o setor avícola, como a energia solar e o adubo orgânico, a biomassa produzida nos aviários”, afirma.

Para o pesquisador científico do Instituto de Zootecnia (IZ), José Evandro de Moraes, a avicultura ESG é discutida e já adotada em diversas etapas do sistema produtivo de aves há quase uma década. “As principais lideranças do setor já se comprometeram em cumprir as metas que fazem parte da avicultura ESG, que se encontra consonante com a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável”, destaca o pesquisador.

Para o cumprimento deste plano de metas, Moraes lembra que as atividades em avicultura já contam com muitas soluções tecnológicas, como rastreabilidade e boas práticas de produção. Ele acrescenta ainda que o Brasil é líder mundial quando se observa os produtos avícolas de qualidade, quantidade e sustentabilidade.

Adubo orgânico e rentável

 

O preço elevado dos fertilizantes tem sido um dos principais impactos para o custo de produção na agropecuária brasileira. Mas na avicultura de corte, os produtores estão conseguindo agregar valor com o adubo orgânico que sai dos aviários e é utilizado em culturas como a cana-de-açúcar, seringueira e pecuária.

Desde que os produtores sigam as regras previstas pela legislação sanitária e ambiental, a compostagem orgânica que eles manejam nas granjas pode ser muito bem aproveitadas como fertilizante. Segundo a professora da disciplina de ornitopatologia da Unirp, Aline Galvão, a compostagem orgânica em aviários é uma ferramenta interessante por possuir matérias orgânicas ricas em nitrogênio e fósforo, importantes componentes dos fertilizantes agrícolas.

“A compostagem de carcaças de aves mortas é uma alternativa mais adequada, pois atende tanto às normas ambientais de tratamento quanto às de reciclagem, quando transforma aves mortas em um produto que possa ser utilizado na agricultura, com benefícios fertilizantes importantes, ao mesmo tempo em que evita riscos de poluição do ar, água e solo”, comenta Aline.

Na propriedade de Renato Martins, o fertilizante da compostagem orgânica da produção de aves é usado na plantação de limão. “Agrego valor na minha propriedade e junto a usinas de cana-de-açúcar que têm nos procurado para comprar esse adubo”.

Na granja de Fábio Berti, a compostagem orgânica também é adotada, com uma média de 300 a 350 toneladas de rendimento de adubo, que são comercializadas por ano. “É uma prática sustentável e que agrega valor, uma receita a mais para a produção de frango”.

O produtor Júlio César Pavin Filho também faz a compostagem orgânica com os dejetos da granja e de carcaças de aves mortas. “Fazemos com o material que fica na serragem quando o pintinho chega à granja, como a casca de amendoim, um bom nutriente. E ainda de animais que morrem e são descartados corretamente na compostagem. Demora cerca de 120 dias para fazer o processo que resulta no adubo”, conta Júlio. 

fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/praticas-sustentaveis-garantem-bonificac-o-a-avicultores-na-regi-o-de-rio-preto-1.997512