30/08/23 14h17

Porto de Santos, o maior exportador de açúcar do Brasil

Seja refinado, a granel ou cristalizado, a commodity tem o porto santista em sua rota

A Tribuna

Em meio às exportações de tantos produtos via Porto de Santos, principal do Brasil e maior da América Latina, um deles possui, naturalmente, um sabor mais doce: o açúcar. O raciocínio também vale - e muito - para o aspecto econômico. O País é considerado o maior produtor e exportador de açúcar do mundo e a maioria passa pelo complexo portuário santista, seguido pelos portos de Paranaguá (PR), Maceió (AL) e Recife (PE). Em 2021, Santos mandou para o exterior 18,2 milhões de toneladas e, no ano passado, 18,6 milhões de toneladas.

“O açúcar é vendido no mercado internacional de várias maneiras: granel, que ainda vai ser refinado em uma usina no destino, refinado e cristalizado já pronto”, afirma o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque.

Por Santos, passaram, apenas em julho deste ano, segundo dados divulgados pela Autoridade Portuária de Santos (APS) ontem, em seu balanço mensal, 2,2 milhões de toneladas ante 2,1 milhões de toneladas do mesmo período de 2022, o que representa um crescimento de 4,9%. Nas duas Margens do Porto de Santos, há cinco terminais açucareiros.

“O açúcar vem, em sua maioria, da Região Sudeste, sendo em sua maior parte do Estado de São Paulo. A carga chega de trem ou caminhão direto para o terminal onde o navio será atracado”, explica Roque.

Entre janeiro e o mês passado foram 10,3 milhões de toneladas contra 9,8 milhões de toneladas durante a mesma faixa temporal, atingindo elevação do mesmo percentual (4,9%). O presidente da APS, Anderson Pomini, revelou que a previsão é encerrar o ano com 21,4 milhões de toneladas de açúcar no complexo portuário santista. Em termos de Brasil, foram exportadas 23 milhões de toneladas até o momento neste ano, face a uma média anual de 24,5 milhões de toneladas, segundo o Sindamar.

À Reportagem, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), entidade representativa das principais unidades produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade da região Centro-Sul do Brasil, não só apontou que Santos é o principal porto de exportação dos produtos do setor sucroenergético, açúcar e etanol como detalhou que na safra 2022/2023 da commodity (período que vai de abril de 2022 a março de 2023), 73% do açúcar e 87,8% do etanol exportados pelo Brasil saíram pelo Porto de Santos.

No Estado

São Paulo lidera a produção sucroalcooleira no Brasil. Nos sete primeiros meses de 2023, de acordo com o Governo do Estado, o setor lidera as exportações no agro paulista, chegando a US$ 4,85 bilhões – o açúcar representou 87% do total. O crescimento foi de US$ 1,07 bilhão em comparação ao mesmo período, quando as exportações alcançaram US$ 3,78 bilhões.

A previsão para a safra paulista de cana-de-açúcar deste ano é de 417 milhões de toneladas. As cidades que mais produzem são Barretos, Orlândia, Jaboticabal, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Votuporanga, Araraquara, Jaú, Lins e Limeira. O cultivo da planta gera mais de 55 mil empregos formais em São Paulo, segundo dados do Governo Federal. A fabricação e o refino de açúcar empregam outras 130 mil pessoas, com carteira assinada, além de mais de 43 mil na fabricação de álcool.

Passado, presente e futuro

O crescimento dos números envolvendo o açúcar, dentro e fora dos portos, também se deve à otimização dos processos, provocados pela evolução tecnológica ao longo das décadas. Para se ter uma ideia, o embarque no Porto de Santos era feito em sacos de 50 quilos com lingadas (acúmulo de placas de aço, sobrepostas umas nas outras) de guindastes em vez de shiploaders (grande máquina usada para carregar de maneira contínua materiais sólidos a granel) em navios pequenos.

“Isso ocasionava muita lentidão nos embarques, com navios ficando muitos dias no Porto e encarecendo a operação, com incidência de estadia devido às filas no Porto. Como se tata de commodities, o custo operacional é do exportador”, relembra o diretor-executivo do Sindamar.

A mudança da rotina de trabalho também passa diretamente pelas mudanças na infraestrutura. “Foram feitos fortes investimentos na construção de terminais de granéis e melhoramentos na rede ferroviária, assim como melhoras nos calados desses terminais, possibilitando navios maiores e disponibilidade de berços pela Autoridade Portuária, exigindo o cumprimento de prancha operacional (indicador que mede a movimentação, por tonelada, em um período de seis horas)”, detalha Roque.

Levando em conta o tamanho da evolução apresentada com o passar do tempo, José Roque afirma que o futuro já chegou quando o assunto é exportação de açúcar. Mas há o que ser aperfeiçoado. “É difícil prever uma melhora significativa nos próximos anos, mas podemos destacar uma melhoria em eficiência e produtividade operacional dos terminais”, afirma.

 

Fonte: https://www.atribuna.com.br/noticias/portomar/porto-de-santos-o-maior-exportador-de-acucar-do-brasil