Porto de Santos ganhará novas linhas férreas para receber 40 milhões de toneladas de grãos
Três linhas serão instaladas nas duas margens do complexo portuário
A TribunaO Porto de Santos contará com três novas vias férreas a partir de dezembro. São as linhas do Pátio do Macuco, que atenderão ao cluster de celulose na Margem Direita, e do Pátio de Conceiçãozinha, na Margem Esquerda, em Guarujá. As obras estão sendo executadas pela Associação Gestora da Ferrovia Interna do Porto de Santos (AG-Fips), que antecipou o cronograma em oito meses. As novas linhas facilitarão o escoamento de 40 milhões de toneladas exportadas ao ano por terminais de grãos e de celulose.
O anúncio foi feito ontem pelo presidente da AG-Fips, João Almeida, e pelo presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, na linha férrea em frente ao Cais da Marinha, na Avenida Engenheiro Sérgio da Costa Matte. A via é paralela à Avenida Perimetral, sentido Ponta da Praia-Centro.
As três linhas ferroviárias fazem parte do pacote de 13 obras estruturantes obrigatórias previstas no contrato de cessão da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips), que foi firmado com a APS em 2023.
A AG-Fips investirá R$ 1 bilhão em infraestrutura nos próximos cinco anos, proporcionando ao Porto de Santos mais que dobrar a capacidade de escoamento de carga por ferrovia, das atuais 51 milhões de toneladas para 115 milhões de toneladas por ano.
“Essas obras vão atender ao cluster de celulose e ao corredor de exportação. Estão diretamente ligadas com à pera ferroviária e, juntas, vão atender uma demanda da ordem de 40 milhões de toneladas exportadas pelos terminais de grãos e de celulose”, afirma João Almeida.
Antecipação
Ele destaca, ainda, que o cronograma da construção das três vias férreas foi antecipado em oito meses. “Era uma obra para ser entregue em 2025 e nós estaremos entregando em dezembro de 2024”.
Quanto ao Guarujá, o executivo diz que está sendo iniciada uma obra no Pátio de Conceiçãozinha para atender a nova demanda de carga que também começará a chegar aos terminais.
“O modal ferroviário está um passo à frente, pois conseguiu antecipar investimentos e enxergar com mais de antecedência os prováveis gargalos que aconteceriam aqui, em Santos”, salienta Almeida.
Alta
O presidente da APS, Anderson Pomini, observa que, hoje, a ferrovia representa 30% de todo produto que é escoado via Porto de Santos ao interior do País e vice-versa. “As obras anunciadas pela Fips terão um aumento expressivo no escoamento de produtos”.
Pera ferroviária
O presidente da AG-Fips diz também que a primeira fase de obras da pera ferroviária já foi concluída e consistiu no reforço do pontilhão 3 do canal do Mercado.
Os trabalhos iniciaram em outubro de 2023 e encerraram em março deste ano. Já a partir de junho, a AG-Fips dará início à segunda etapa, com a remodelação da geometria das vias férreas de saída da pera. “O prazo de entrega da pera ferroviária é meados de 2027”.
A pera consiste em um pátio circular que possibilitará o transbordo da carga sem a necessidade de desmembramento do trem.
“Hoje, são necessárias 27 manobras para que o trem consiga entrar em Outeiros e atender aos terminais da Copersucar e da CLI. A pera resolve o gargalo do corredor de exportação, pois os trens terão fluxo contínuo, sem paralisação”, afirmou João Almeida.
Pomini ressalta que a pera ferroviária ampliará a capacidade de movimentação de grãos na Margem Direita em 20 milhões de toneladas ao ano.
A solução logística será construída em uma área de 102 mil metros quadrados, atualmente ocupada pela Marimex, que será transferida para o Terminal Marítimo do Valongo (Teval).
Obras obrigatórias
Contrapartida contratual da AG-Fips contempla 13 obras, além do pátio ferroviário entre Canal 4 e a Ponta da Praia com três vias férreas para atendimento aos terminais de celulose, estão viadutos para eliminação de passagens em nível, passarelas de pedestres e a pera ferroviária.